
No atelier repleto de cavaletes, telas, bastidores, tintas, Renoir examina atentamente as telas para escolher a mais sólida e pesada; leva para a enorme janela que ilumina o ambiente, ao abrir-se para os telhados de Paris...e quando a beleza se instala, nossos olhos se abrem para recebê-las...e foi assim que o extraordinário pintor de paisagens e figuras humanas, o francês Renoir iniciou sua atividade em Paris, decorando porcelanas, tecidos e leques. Esse trabalho deu-lhe uma experiência que foi de indiscutível valor em toda a sua carreira .
Cursou a Escola de Belas Artes de Paris, fez amizade com Monet e Sisley, trabalhou muito ao ar livre. Só começou a despertar atenção porém quando expôs, no atelier do fotógrafo e jornalista Nadar, o quadro intitulado (O Palco) onde o branco e o preto se destacam sobre o rosa das flores.
A partir daí modifica, o modo de pintar, e de compor seus nus, seguindo ritmos, mais estudados, não apenas ditado pelo instinto, mas baseado na pesquisa do equilíbrio da forma e da cor.
Renoir destacou-se justamente pela maneira muito pessoal de ver o mundo e de pintar a figura humana, sobretudo a figura feminina. Mulheres de contornos macios, suaves, arredondadas é o modo como o artista “vê” esse modelo.
Depois as tonalidades escolhidas e com tintas estendidas sobre as superfícies brilhantes e transparentes, ao contrário dos demais pintores, que costumavam a usar cores opacas e empastadas.
Por último, a utilização de espaços abertos, como fundo, que realça as figuras e contribui com seus reflexos e claros-escuros para o resultado cromático do conjunto.
Pela sua maneira de pintar, Renoir insere-se na tradição impressionista, que procura, na fragmentação das pinceladas e na aproximação das tintas, a decomposição da luz, exploração, principalmente a composição de cores complementares.
Pintou: paisagens, composições com figuras humanas tomadas do dia a dia, retratos e também algumas naturezas mortas, mas fez do nu ao ar livre um de seus temas prediletos.
Renoir foi um dos primeiros a explorar o contraste entre tonalidades quentes e frias, usando frequentemente a aproximação dos azuis e com o rosa, o creme, o ocre e as terras. É exatamente no contraste com o azul que o ocre pálido, a cor da carne, parece adquirir tonalidade rosa e torna-se mais luminoso e transparente.
Depois de suas experiências na Itália, onde conheceu a grande pintura de Rafael e Ticiano (renascentistas italianos), Renoir alterou sua técnica de desenhar compor e pintar.
Passou a usar figurar mais sólidas, mais compactas, menos desfeitas pela decomposição da luz, abandonando aos poucos a maneira impressionista de aplicar as tintas em pequenas pinceladas, passando a usar o método tradicional de espalhá-las em camadas.
Por volta de 1900 o artista começou a sofrer fortes dores reumáticas que o deixaram praticamente inválido mas que jamais o impediram de pintar e desenhar, nem mesmo quando a doença lhe atingiu as mãos. Com dificuldade para segurar os pincéis, amarrava-os em suas mãos. Começou também a esculpir na esperança de poder expressar seu espírito criativo através da modelagem, mas até para isso contou com a ajuda de Richard Gieino e Louis Morel, que trabalhavam seguindo suas instruções.
Renoir concentrou-se em criar suas próprias e novas técnicas, aproveitando todo o seu aprendizado, combinando o que tinha aprendido sobre cor durante o seu período impressionista, com métodos tradicionais da tinta, resultando em uma série de obras primas.