
A cor é fundamentalmente cor. É a protagonista da obra pictórica. O que sempre deve se levar em consideração no momento de analisar um afresco, uma tela, uma tábua.
O espectador facilmente se esquece da cor: contempla os objetos pintados, a composição e a linha, a utilização das cores, mas não analisa a cor em si só, a cor como matéria pictórica, que possui qualidades intrínsecas, que o pintor teve que saber utilizar. Esquecem do pintor, como um manipulador da cor.
Durante séculos, os pintores tiveram que moer os pigmentos misturados com aglutinantes apropriados, experimentar com combinações, às vezes com resultados catastróficos: péssimos, no lamentável estado da obra prima de Leonardo - A última Ceia – já deteriorada poucos anos depois de acabada. Por isso o pintor era considerado como um trabalhador manual, um artesão, semelhante ao tecedor.
Atualmente este trabalho prévio de preparação de cor desapareceu. Vendem-se as cores já fabricadas e preparadas para cada uso determinado, seja a óleo, aquarela, afresco, têmpera...Estudam-se cientificamente as qualidades de cada cor, para torná-la estável, segura, resistente a luz. O pintor não deve se preocupar em calibrar as proporções, entre pigmento e aglutinante, da qualidade da trituração do pigmento, de adaptabilidade de cada pigmento a uma técnica determinada: neste sentido o pintor moderno não está em contato tão estreito com sua obra, como pintor medieval, o renascimento, ou o barroco, por exemplo. Estes últimos podiam fabricar suas cores de acordo como o que esperavam obter: saturação, brilho, tom, valor cromático. E ao mesmo tempo, estavam estreitamente condicionados pelo valor material dos pigmentos. Haviam alguns caríssimos como o – ultramarinho – que só podia ser utilizado por quem havia encomendado o quadro, por dispor de meios abundantes, porque , normalmente o cliente que pagava o quadro, também pagava as cores, e ao fazer a encomenda, especificava no contrato, as cores a serem usadas no quadro.

Na natureza o vermelho, amarelo e o azul são as cores de onde todas as outras se originam a partir de suas combinações – são chamadas primárias:
Amarelo + azul = verde
Vermelho + amarelo = laranja - Cores secundárias
Azul + vermelho = roxo.
As combinações de cores primárias formam cores secundárias, que combinadas com cores secundárias formam cores terciárias e assim por diante.
A cor branca resulta da sobreposição de todas as cores (presença de todas as cores), enquanto o preto é a ausência de todas as cores (ausência de luz).
Rubens pintava com 4 ou 5 cores no máximo. Ticiano pintava com uma gama ainda mais restrita - dizia que se pode ser um grande pintor, utilizando apenas 3 cores.
Verdade seja dita, não é cômodo pintar sempre como norma apenas com 3 cores primárias. Não é prático andar procurando, por exemplo, um ocre, misturando azul, carmim e amarelo, quando já existe a cor ocre em tubo, pronta para ser usada, e com a possibilidade de ser misturada diretamente com branco, azul, carmim, para encontrar rápida e facilmente, o matiz exato do modelo. Mas na dúvida de que essa procura, esse esforço para obter todas as cores a partir das três cores primárias é extraordinariamente válida do ponto de vista da formação, proporcionando prático e profundo da mescla e obtenção de tons, matizes e cores, faz compreender uma norma básica fundamental, para ver e captar as cores do modelo.
A cor da pele e a cor da terra, a cor do céu azul, a cor das folhas verdes e das flores vermelhas. Nenhumas dessas cores aparentemente concretas podem ser
obtidas sem a intervenção para mais ou para menos das cores primárias.
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Olha para sua mão, observe a cor da pele. Em princípio, essa cor compõe-se de vermelho e amarelo misturando com branco. Ah, mas sem o azul obterá apenas o laranja claro, ou um creme claro, apropriado apenas para determinados toques, para pintar alguns pontos talvez mais iluminados, mas que de maneira alguma corresponde a cor geral da mão; se a cor de sua mão for bronzeada precisa de mais azul, se for branca, de menos, mas sempre precisará de azul, vermelho e amarelo. Um céu exige um pouco de carmim e de amarelo para alcançar um azul mais profundo, menos estridente, mais real. Nas flores vermelhas há amarelo, nas luzes e reflexos – e há azul nas sombras e penumbras.
Bom, agora tenho que fechar o pc, pois as cores estão tomando conta dos meus olhos e da minha alma, pois acabei de ter novas idéias para pintar um novo quadro! Tchau...