Quando nascemos deixamos para trás o conforto, a proteção, a paz. Quando nascemos sentimos falta de ar, choramos, e não sabemos o que vamos encontrar pela frente. Crescemos e temos que fazer escolhas, e essa fase é a mais difícil, travamos uma batalha interior, onde tudo se torna tão grande, que parece não caber no peito.
A verdade é que temos medo de crescer e de sermos adultos. E por detrás da minha janela agora olho a paisagem lá fora... está chovendo, abro o computador e começo a escrever a história de um homem que fez da escultura sua razão de viver!!!
"Rodin era pequeno, quadrado, forte, tinha a cabeça completamente raspada, e uma barba abundante - foi-me apresentado suas obras com simplicidade dos que são verdadeiramente grandes - passava as mãos sobre suas esculturas e as acariciava”!
Nasceu em 12 de Novembro de 1840, na Paris sórdida e velha do Distrito do Val-de-Grâce. Seu pai Jean-Baptiste Rodin - era de origem normanda(simples funcionário da polícia) e sua mãe uma lorenesa (Marie Cheffer)s/segunda esposa.
Sua casa na rua d’Arbalette, limitava-se com os jardins que outrora tinham acolhido a infância de Victor Hugo.
Rodin sofreu muito com a miséria que envolvia seu lar. Sua única diversão era desenhar, mas muitas vezes faltava-lhe papel, e até o que comer.
Aluno do Val-de-Grâce, saiu de lá tão analfabeto quanto entrou, para desespero dos pais e professores. E diante do fracasso escolar, o pai parece que cansou, e passou a bola, entregando-o a um parente (Alexandre) que dava aulas em uma escola rural em Beauvais. Mas as coisas parecem que não surtiram efeito...pois nos estudos era muito fraco, mas como artista se deleitava na pura contemplação da paisagem e da terra, muito longe da sórdida penúria do bairro natal.
Em 1854, volta a Paris, e começa a frequentar uma escola de desenho, destinada a jovens operários. A sorte chegou perto dele, quando teve um encontro com Carpeaux um dos professores. Seus fracassos anteriores se converteram em medalhas de bronze, e em seus primeiros prêmios.
Rodin era disparado o melhor, isto nos faz entender que nem todos nasceram para o estudo, mas o dom, esse já vem formado. Mesmo tudo correndo as mil maravilhas, Rodin, vagava inquieto pelo Louvre, estudando e contemplando as obras primas. Em 1857, tentou conquistar por 3 vezes um espaço na Escola de Belas Artes, mas humildemente obedece seu destino, terá que formar-se longe das academias, dos lugares da Arte e se sujeitar a uma vida obscura e anônima. Trabalhava como menino de recado da mesma forma que Carpeaux(seu professor)no passado. Como vendedor em bazar e por fim, como pedreiro, sob as ordens de um decorador.
Com o escasso dinheiro que reúne, aluga um salão e o transforma em um estúdio. Modela uma cabeça de vagabundo e em 1860 um vagaroso retrato do seu pai.
Quando tudo parecia fluir, entra em desespero ao saber da morte de sua irmã, e se afunda num abismo. Tão grande é a dor que experimenta, que abandona tudo, batendo as portas de um convento, possuído por vertiginosas experiências religiosas – “ Quando era jovem e comungava me sentia penetrado por uma força que me transportava” – disse ele, de si mesmo.
Lá retratou o padre Eymard e em conversa com ele enquanto posava, percebeu que sua entrada na religião tinha sido uma fuga. E o padre então o anima a sair da ordem religiosa, e resgatar sua vida... assim foi...Rodin voltou com mais experiência, mais conhecimento, e mais forte pra continuar sua lida. Prosseguiu com seus dotes artísticos nas ruas, ateliês e ofícios.
Em 1864 entrou no ateliê do escritor Ernest Carrier Belleuse, e trabalhou na decoração escultórica de inúmeros edifícios de Paris. Nesse mesmo ano vê excluído do salão – “O homem do nariz quebrado”, ao mesmo tempo conhece “Rose Beuret(uma aprendiz de costureira) com a qual se unirá para sempre.
O futuro criador de “As portas do Inferno”, livre e espontâneo, indomável, se vê obrigado a vestir o uniforme de cabo da guarda nacional e submeter-se a disciplina militar, durante a guerra de 1870, entre França e Prússia, dado baixa por deficiência visual, continuando o seu trabalho com Carrier-Belleuse.
Em 1871, vai para Bruxelas trabalhar nas figuras que adornarão o novo edifício da bolsa.
No ano de 1875 partiu para Itália, onde estudou a obra de Michelangelo até 1877, retornando a Bélgica e depois a França. Participou do círculo artístico e literário de Bruxelas e do salão dos Artistas franceses com sua obra – “A idade do Bronze” – em 1877 como título de “O Conquistado”, e depois no salão de Paris, já com o título definitivo. É um não absoluto, masculino, e adolescente, tão realista, que os críticos se negaram a abdicá-lo a um escultor desconhecido e afirmaram que tinha sido realizada a partir de um molde extraído de um modelo vivo. Houve necessidade de abrir investigação na qual chegou a intervir o Ministério das Belas Artes, para que por fim a comissão encarregada declarasse que o autor não era um grande artista, mas que seria um grande escultor.
Hoje mais de 150 cópias da escultura adornam os museus do mundo. Porém naquela época não era dado a Rodin o devido valor, tendo que trabalhar para outros escultores.
O antigo padrinho “Carrier Belleuse” – o contrata como desenhista de vasos de SÉVRES e enquanto isso, Rodin dá início a outra obra prima – “São João Batista”, que foi exposto no salão em 1880 e foi um grande sucesso. Finalmente se reconheceu Rodin, - um grande escultor -!
*Essa história não termina aqui, no próximo capítulo eu termino, mostrando inclusive a maior obra deste artista - "O Pensador" - e a releitura que fiz de sua obra, me aguardem! Pois a parte mais "bonita" virá, onde mostrarei através de uma analise, um homem que eu encontrei através de suas obras, e em particular-"O pensador" - onde me afundei dentro de sua alma para poder entender e viver seus sentimentos mais profundos, e ricamente demonstrado através de uma visão de mundo, e do ser humano, e seus maiores valores!
20 comentários:
mto legal saber dissso
Oi linda, como sempre fiquei lendo do principio ao fim a amando ficar a conhecer a historia de um pequeno grande homem e artista, estou ansiosa por saber o resto, vou ficar atenta. Um super beijão e uma boa semana
Wall
Que alegria em poder ler novamente essas suas histórias sobre os artistas, suas vidas e principalmente o quanto nos ensinam. Vidas de lutas , de desafios, de pobreza , sempre firmes em sua arte que podem ser reconhecidas em vida ou até em morte, mas não importa quando e sim que possam viver criando e fazendo o que amam.
E continuo essa prosa no próximo capítulo.
Grande beijo
Muito bom texto, com boas informações. Aguardo a continuidade
beijos
Oi Wall, a vida, assim como a obra, dos grandes artístas também são um espetáculo! No ultimo semestre de 2009, apresentei um trabalho sobre loucura, e entre outras, pesquisei sobre Camile Claudei. Acho que a história de Camile é a 'ferrugem' nas obras de Rodin. Nâo sou um crítico de arte, e apenas um ainda méro aprendiz de psicologia, mas, não foi preciso muito para ter um sentimento de empatia com as dores sofridas por Camile, inclusive o seu abandono, pelo irmão, influentíssimo e pelo 'namorado' Rodin. A quem diga que Camile era possuidora de talento maior do que Rodin...e talvez daí a sua não cooperação em 'lutar' por ela. Enfim... deixo aqui uma pitada de tempero, para que possa nos dar, ou melhor, contar, se for o caso.
Bjs
Hello Wall!! Essa historia so nos mostra + 1 vez que tudo depende de muito trabalho e nao se deixar abalar pelos negativos que as vezes a vida nos coloca.
Bjs.
No hay duda de que de cada vida se podrìa escribir un libro... què interesante venir por acà -presintiendo que un mes despuès del ùltimo post me encontrarìa con algo nuevo- y efectivamente, amiga, encontrarte.
Un gusto andar por aquì, como siempre, para aprender un poco màs.
Te mando un abrazo muy grande y volverè, a ver còmo sigue la historia...
Graciela
Pois é, minha amiga, o artista, o verdadeiro artista, já nasce feito. A história de vida de Rodin prova e comprova isso.
Magnífica postagem. Aguardo a próxima com uma certa ansiedade.
Beijos e um ótimo dia para você.
Absorvi todos os ensinamentos....
Não costumo aprofundar tanto
os assuntos......
Abraço
Oi, Wal, como já postei sobre Rodin, não vou me aprofundar. Só quero dizer que gostei da maneira que você contou sua história, sua trajetória até ser reconhecido como um dos maiores escultores que o mundo viu. Voltarei para ler a segunda parte.
Meu carinho pra você.
Tais Luso
De fato, uma mente brilhante não se faz somente por conhecimentos didaticos, não só matematicos, fisícos e afins, são genios; mas sim todo aquele que demonstra apego e dedicação em tudo aquilo que se gosta de fazer e ama. Limites como classe social perdem o sentido, e a verdadeira arte se desenvolve conforme o interesse aumenta, mesmo não tendo dinheiro pro papel e lapis isso não impediu Rodin.
Foi mto bom vc ter postado isso, pois acima da incrivel historia desse artista, serve para demonstrar dedicação e como ela faz valer o trabalho artistico.
Abraço querida Wall. Até a proxima.
É fascinante como podemos dar a volta por cima, mesmo em circunstâncias pouco favoráveis. É uma questão de aproveitarmos os "dons" que todos temos, num ou noutro campo.
Magnífica esta história!
Obrigada Wall por mais uma liçao de arte:)
Beijinhos
Maria
Muito interessante. Gostei de saber dos detalhes da vida deste grande artista.
Estou aguardando a próxima postagem. Parabéns!
Mesmo quando tudo nos é negado, fica-nos a vontade e o forte querer. Aquele Querer que é PODER! A vida de Rodin, tão interessantemente descrita por si, é bem uma prova dessa vontade inabalável. Ficou aqui também bem patente a vontade que ele tinha de aprender não só como investimento pessoal mas também para poder ser aceite numa sociedade muito exigente no que respeita a Arte! Amei e vou ficar atenta à continuação! Por último obg pelo seu comentário nos "Amigos-da-porcelana", representou mt para mim!
Mesmo quando tudo nos é negado, fica-nos a vontade e o forte querer. Aquele Querer que é PODER! A vida de Rodin, tão interessantemente descrita por si, é bem uma prova dessa vontade inabalável. Ficou aqui também bem patente a vontade que ele tinha de aprender não só como investimento pessoal mas também para poder ser aceite numa sociedade muito exigente no que respeita a Arte! Amei e vou ficar atenta à continuação! Por último obg pelo seu comentário nos "Amigos-da-porcelana", representou mt para mim!
Wallper seu blog é espetacular, show, not°10 desejo muito sucesso em sua caminhada e objetivo no seu Hiper blog e que DEUS ilumine seus caminhos e da sua família
Um grande abraço e tudo de bom
Ass:Rodrigo Rocha
Dinha,
Que interessante a história desse grande escultor e a forma como vc começou falando sobre como é difícil crescer... Lendo a postagem fica claro como foi complicada a vida de Rodin e, que apesar de tudo, seu destino já estava traçado muito antes dele nascer, afinal ninguém é bom em todas as coisas na vida e, para a felicidade da humanidade, Deus lhe concedeu um dom que ningúem poderia tirar dele, o dom da arte!!!...
Adoreiiiiii!!! e espero a segunda parte dessa maravilhosa história...
Bjosssss e bom domingãoooo!!!!
Adoro arte e principalmete as esculturas, é uma pena que hoje em dia as pessoas só querem saber de tecnologia e baladas. É, tempo bom era aquele de escultores, pintores das antigas mesmo!
Amei seu blog, é muito bom conhecer amantes de arte, com certeza vou ser tua seguidora.bjsss
conheça o meu-bytatibarros-al.blogspot.com
Wal!Bom Dia!Gostaria que divulgasse o Conexão das Artes!http://conexaodasartes-sme-rj.blogspot.com/
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