quarta-feira, 29 de julho de 2009

Giorgio De Chirico -Italiano 1888/1978

Será que quando sonhamos saímos da realidade, ou será que a realidade está sempre em nossa vida, até mesmo no sonho?
Sei que não podemos direcionar nossos sonhos quando estamos dormindo, mas acordados...
Dizem que sonhar é preciso, pois senão iríamos enlouquecer com tantas informações... então seria os sonhos uma faxina cerebral? E o que você me diz quando sonhamos acordados?


De Chirico dizia que na vida precisamos de sonhos, mistérios, e foi assim que ficou famoso, como o principal instigador da chamada pintura metafísica – tendência oficialmente criada em 1915, e transformava os objetos cotidianos em elementos de um universo misterioso.

-A respeito de sua arte, o pintor dizia:

- “ experimentamos os movimentos mais inesquecíveis quanto a certos aspectos do mundo, cuja a existência ignoramos completamente, se nos deparam de súbito e nos colocam diante da revelação de mistérios que estiveram o tempo todo ao nosso alcance, mas não podemos ver, porque somos demasiado míopes, nem podemos sentir, porque os nossos sentidos estão inadequadamente desenvolvidos. Suas vozes mortas falam-nos de perto, mas soam como vozes de outro planeta.”


A pintura de De Chirico dirigiu-se a uma outra realidade – metafísica – além da história .
Os cenários projetados pelo pintor permitem flagrar os contornos do novo estilo, que se consolída entre 1917/1920. Os elementos arquitetônicos mobilizados nas composições – colunas, torres, praças, monumentos neoclássicos, chaminés de fábricas, etc. Constroem espaços vazios e misteriosos. As figuras humanas presentes carregam consigo, forte sentimento de solidão, silêncio. São meio homens, meio estátuas, vistos de costas ou longe.


Em suas pinturas se torna impossível de ver os rostos, apenas silhuetas e sombras projetadas pelos corpos e construções.
Nas telas de De Chirico, os objetos parecem não ter sentido, como nossos sonhos que por muitas vezes não conseguimos decifrar, outras vezes são esquecidos em fração de segundos, ficando em nós apenas sensações.


A pintura metafísica encontrada nas obras de De Chirico influenciaram os artistas surrealistas, e apesar de ter sido considerado um precursor, De Chirico, repudiou a sua obra surreal, e a partir de 1925, começou a pintar dentro de um estilo mais tradicional.
- O sonho acabou?


Os três 1°s quadros são da 1° fase - o último mostra sua mudança de estilo -








domingo, 19 de julho de 2009

C O R



A cor é fundamentalmente cor. É a protagonista da obra pictórica. O que sempre deve se levar em consideração no momento de analisar um afresco, uma tela, uma tábua.
O espectador facilmente se esquece da cor: contempla os objetos pintados, a composição e a linha, a utilização das cores, mas não analisa a cor em si só, a cor como matéria pictórica, que possui qualidades intrínsecas, que o pintor teve que saber utilizar. Esquecem do pintor, como um manipulador da cor.
Durante séculos, os pintores tiveram que moer os pigmentos misturados com aglutinantes apropriados, experimentar com combinações, às vezes com resultados catastróficos: péssimos, no lamentável estado da obra prima de Leonardo - A última Ceia – já deteriorada poucos anos depois de acabada. Por isso o pintor era considerado como um trabalhador manual, um artesão, semelhante ao tecedor.
Atualmente este trabalho prévio de preparação de cor desapareceu. Vendem-se as cores já fabricadas e preparadas para cada uso determinado, seja a óleo, aquarela, afresco, têmpera...Estudam-se cientificamente as qualidades de cada cor, para torná-la estável, segura, resistente a luz. O pintor não deve se preocupar em calibrar as proporções, entre pigmento e aglutinante, da qualidade da trituração do pigmento, de adaptabilidade de cada pigmento a uma técnica determinada: neste sentido o pintor moderno não está em contato tão estreito com sua obra, como pintor medieval, o renascimento, ou o barroco, por exemplo. Estes últimos podiam fabricar suas cores de acordo como o que esperavam obter: saturação, brilho, tom, valor cromático. E ao mesmo tempo, estavam estreitamente condicionados pelo valor material dos pigmentos. Haviam alguns caríssimos como o – ultramarinho – que só podia ser utilizado por quem havia encomendado o quadro, por dispor de meios abundantes, porque , normalmente o cliente que pagava o quadro, também pagava as cores, e ao fazer a encomenda, especificava no contrato, as cores a serem usadas no quadro.



Na natureza o vermelho, amarelo e o azul são as cores de onde todas as outras se originam a partir de suas combinações – são chamadas primárias:
Amarelo + azul = verde
Vermelho + amarelo = laranja - Cores secundárias
Azul + vermelho = roxo.
As combinações de cores primárias formam cores secundárias, que combinadas com cores secundárias formam cores terciárias e assim por diante.
A cor branca resulta da sobreposição de todas as cores (presença de todas as cores), enquanto o preto é a ausência de todas as cores (ausência de luz).
Rubens pintava com 4 ou 5 cores no máximo. Ticiano pintava com uma gama ainda mais restrita - dizia que se pode ser um grande pintor, utilizando apenas 3 cores.
Verdade seja dita, não é cômodo pintar sempre como norma apenas com 3 cores primárias. Não é prático andar procurando, por exemplo, um ocre, misturando azul, carmim e amarelo, quando já existe a cor ocre em tubo, pronta para ser usada, e com a possibilidade de ser misturada diretamente com branco, azul, carmim, para encontrar rápida e facilmente, o matiz exato do modelo. Mas na dúvida de que essa procura, esse esforço para obter todas as cores a partir das três cores primárias é extraordinariamente válida do ponto de vista da formação, proporcionando prático e profundo da mescla e obtenção de tons, matizes e cores, faz compreender uma norma básica fundamental, para ver e captar as cores do modelo.
A cor da pele e a cor da terra, a cor do céu azul, a cor das folhas verdes e das flores vermelhas. Nenhumas dessas cores aparentemente concretas podem ser
obtidas sem a intervenção para mais ou para menos das cores primárias.
-


Olha para sua mão, observe a cor da pele. Em princípio, essa cor compõe-se de vermelho e amarelo misturando com branco. Ah, mas sem o azul obterá apenas o laranja claro, ou um creme claro, apropriado apenas para determinados toques, para pintar alguns pontos talvez mais iluminados, mas que de maneira alguma corresponde a cor geral da mão; se a cor de sua mão for bronzeada precisa de mais azul, se for branca, de menos, mas sempre precisará de azul, vermelho e amarelo. Um céu exige um pouco de carmim e de amarelo para alcançar um azul mais profundo, menos estridente, mais real. Nas flores vermelhas há amarelo, nas luzes e reflexos – e há azul nas sombras e penumbras.
Bom, agora tenho que fechar o pc, pois as cores estão tomando conta dos meus olhos e da minha alma, pois acabei de ter novas idéias para pintar um novo quadro! Tchau...




quarta-feira, 8 de julho de 2009

Tarsila do Amaral - Brasileira -São Paulo -1886/1973

Auto-retrato 1923

Viver numa procura eterna de si mesma, caminhar por estradas até então nunca andadas, poder escutar a voz que vem de dentro, como canto dos pássaros que são criaturas de Deus, e se descobrir por inteira. Onde a criação se faz presente...e assim nasce Tarsila do Amaral!
Veio de família de posses, pois seu pai herdou apreciável fortuna e diversas fazendas, na qual Tarsila passou a infância e a adolescência.


Tarsila soube aproveitar muito bem a vida tranquila que teve em questões econômicas. Estudou no Sion em São Paulo, e completou os seus estudos em Barcelona na Espanha, onde pinta seu primeiro quadro: “Sagrado Coração de Jesus”, aos 16 anos. E a partir daí, começou a estabelecer uma ligação direta com o mundo das artes.
Casa-se em 1906, com André Teixeira Pinto, onde nasce sua única filha – Dulce.
Mas separa-se e começa a estudar escultura em São Paulo e posteriormente estuda desenho e pintura com Pedro Alexandrino. Mas Tarsila possuía uma alma que tinha sede de conhecimento, e não parou por aí.


Embarcou para a Europa com o objetivo de ingressar na Academie Julian em Paris. Frequenta o atelier de Emile Renard.
Em 1922 teve uma tela admitida no salão oficial dos artistas franceses. Nesse mesmo ano regressa ao Brasil e se integra com os intelectuais do grupo modernistas. Faz parte do grupo dos “cinco”- juntamente com Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, e Menotti Del Picchia.


Tarsila nessa época começou a namorar o escritor Oswald de Andrade que depois mais tarde acabaram-se casando.
Volta a Europa em 1923 e lá tem contato com os modernistas que se encontravam: intelectuais, pintores, músicos e poetas.
Estuda com Albert Gleizes e Fernand Léger , grandes mestres cubistas. Com isso Tarsila vai compondo suas idéias formando seu estilo dotado de cores e temas tipicamente brasileiro.



Em 1928 pinta o “Abaporu”, para dar de presente a Oswald de Andrade, que se empolga com a tela e cria o movimento – Antropofágico – e em 1929 faz sua primeira exposição de pintura no Brasil.
Tarsila retratou em suas telas, o povo brasileiro dentro de
um estilo todo seu. Em suas figuras deformes e suas cores predominando o verde e o amarelo, de certa forma com o leve tom genuíno, mas com muita força de expressão, atravessando salões, bienais e nossos corações!
Abaporu - 1928
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