sábado, 2 de outubro de 2010

Oração do Artista


"Senhor! Tu que és o maior dos artistas, fonte das mais belas inspirações, abençoa o meu talento e as minhas obras. Maravilhoso é o dom que me deste na louvada missão de servir-te com alegria, e de exercer o meu trabalho com amor e dedicação.
Por isso, agradeço-te por permaneceres sempre comigo.


Mesmo incompreendido ou diante de desafios, quero sustentar em minha vocação a energia de vencer e realizar meus projetos no imenso cenário da vida.
Dá-me equilíbrio entre a razão e a emoção, humildade e sabedoria para me aperfeiçoar.
Inspira-me, ó Mestre, à criação do novo e do belo!"

Esta oração eu li em um blog, e achei maravilhosa!!!! Ela define este momento em minha vida. Quero dizer a todos vocês que não desisti, muito pelo contrário, estarei voltando em breve.
Um grande beijo a todos.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

2° Aniversário do Wallarte -

O tempo passa diante de nossos olhos, com uma rapidez de um mágico que encobre o verdadeiro segredo de sua mágica. Quando nos damos conta, o dia virou noite, a noite virou dia, e tudo vai girando como a roda que movimenta, transforma e realiza essa maravilha que chamamos de vida! Manter um blog, não é uma tarefa fácil... mais um níver do Wallarte – que completa em 14.08.10 – 2 aninhos... e eu, não poderia deixar passar em branco esse momento tão significante.

Contarei a vocês um fato que talvez já tenha causado alguma curiosidade em algum momento... mas deixarei o meu personagem “Walzinha” que hoje em especial foi desenhado por uma menina que eu posso dizer que desenha maravilhosamente, e que mesmo estando na linha de criação do anime-mangá tem estilo próprio – e gostaria de abrir aqui no Wallarte – um espaço para sua arte - seu nome é -
Jéssica Pereira Luquez – onde desde pequena desenhava, e com 12 anos começou a pintar quadros – essa menina é minha sobrinha, e tenho imenso prazer de poder expor seus desenhos aqui.

Oiiiiii.....bem, vocês devem ter percebido que o cursor do blog, é uma carta com naipe de Espada – sabem por que?
- Essa é uma estória muito interessante, onde me faz viajar no tempo. Em postagens anteriores, eu já algumas vezes falei da minha família, e esse fato tem a ver com meu pai...pois somos 5 irmãos(4 meninas e 1 menino)e meu pai, que gostava também de escrever, tinha seus momentos de criação... e teve uma idéia que achei maravilhosa...definiu cada filha como um naipe do baralho: Dama de Ouro, Dama de Copas, Dama de Espadas, e Dama de Paus, e meu irmão ficou sendo o Coringa – Nós adoramos, e assim ficou, e desde então passei a ser a "Dama de espada",
que vejo como um símbolo de proteção, força, e poder.
Se vocês repararem a Walzinha, verão que ela sempre traz em sua roupa esse símbolo.




Este selo foi feito para que fique gravado o 2° aniversário do blog Wallarte – e que todos os meus amigos ou não, possam levar como presente, um pedacinho de mim.


domingo, 4 de julho de 2010

RODIN - 2ª parte - " Uma releitura do " Pensador"

Releitura da escultura - O Pensador - Feito à nanquim e cor - por : Waleria Lima- Aos 40 anos, Rodin percebe que precisa se afundar dentro de si, reviver como um filme sua vida, e sentir cada sentimento vivido, sofrido e de certa forma superado, e tenta correr contra o tempo e encontrar através da criação, uma maneira de falar de si, da vida, da realidade humana. Abrir uma janela para a eternidade e com sua obra de pedra e bronze, para sua época fechada e indiferente. Assim expressará seu poderoso misticismo, sua inspiração ardente e constante, como se ardesse no fogo cósmico!.
-
“ O futuro começa para mim todos os dias” – confessa a um de seus íntimos interlocutores, sabedor de que o artista, era único depositário do sagrado em uma época dominada pelo ateísmo pragmático e vulgar, pela hipocrisia acovardada e inércia de uma igreja fechada.


Rodin investiga suas próprias raízes. Explora o gótico francês de Chartres e Amiens. Inspecionada palmo a palmo seus cantos e encantos. Penetra na magia do espírito medieval e extrai a grandeza religiosa de suas obras.
Sua obra mais falada e conhecida é o – Pensador – onde podemos ver nitidamente a criação e o criador, na sua total solidão, um encontro entre a matéria e o espírito, onde o questionamento é necessário... e ali, “talvez” esteja a síntese da vida deste mestre tão simples e ao mesmo tempo tão poderoso, tão enigmático e em outros momentos tão aberto. Talvez por isso, - “ O Pensador”- tenha sido atacado violentamente com um machado; o movimento Vitor Hugo, nunca chegou a realizar-se como Rodin o havia imaginado; o movimento a Balzac, foi rejeitado pela comissão encarregada de sua realização...pura incompreensão, que se denota em alguns de seus pensamentos:

- “ Não tenho amigos, devo viver sozinho. Mas sei que na minha arte Deus está perto de mim! Aproximo-me a ele sem temor. Sempre reconheci o destino da minha obra, também não me inquieta; nada de ruim pode vir dela para mim. Quem tenha compreendido se libertará da miséria que arrasta os homens!
Gente!!!! Agora que me dei conta, lá fora já é noite e continua chovendo!

terça-feira, 1 de junho de 2010

O Pensador - François-Auguste René Rodin - França-1840/1917

Quando nascemos deixamos para trás o conforto, a proteção, a paz. Quando nascemos sentimos falta de ar, choramos, e não sabemos o que vamos encontrar pela frente. Crescemos e temos que fazer escolhas, e essa fase é a mais difícil, travamos uma batalha interior, onde tudo se torna tão grande, que parece não caber no peito.
A verdade é que temos medo de crescer e de sermos adultos. E por detrás da minha janela agora olho a paisagem lá fora... está chovendo, abro o computador e começo a escrever a história de um homem que fez da escultura sua razão de viver!!!


"Rodin era pequeno, quadrado, forte, tinha a cabeça completamente raspada, e uma barba abundante - foi-me apresentado suas obras com simplicidade dos que são verdadeiramente grandes - passava as mãos sobre suas esculturas e as acariciava”!
Nasceu em 12 de Novembro de 1840, na Paris sórdida e velha do Distrito do Val-de-Grâce. Seu pai Jean-Baptiste Rodin - era de origem normanda(simples funcionário da polícia) e sua mãe uma lorenesa (Marie Cheffer)s/segunda esposa.
Sua casa na rua d’Arbalette, limitava-se com os jardins que outrora tinham acolhido a infância de Victor Hugo.



Rodin sofreu muito com a miséria que envolvia seu lar. Sua única diversão era desenhar, mas muitas vezes faltava-lhe papel, e até o que comer.
Aluno do Val-de-Grâce, saiu de lá tão analfabeto quanto entrou, para desespero dos pais e professores. E diante do fracasso escolar, o pai parece que cansou, e passou a bola, entregando-o a um parente (Alexandre) que dava aulas em uma escola rural em Beauvais. Mas as coisas parecem que não surtiram efeito...pois nos estudos era muito fraco, mas como artista se deleitava na pura contemplação da paisagem e da terra, muito longe da sórdida penúria do bairro natal.
Em 1854, volta a Paris, e começa a frequentar uma escola de desenho, destinada a jovens operários. A sorte chegou perto dele, quando teve um encontro com Carpeaux um dos professores. Seus fracassos anteriores se converteram em medalhas de bronze, e em seus primeiros prêmios.


Rodin era disparado o melhor, isto nos faz entender que nem todos nasceram para o estudo, mas o dom, esse já vem formado. Mesmo tudo correndo as mil maravilhas, Rodin, vagava inquieto pelo Louvre, estudando e contemplando as obras primas. Em 1857, tentou conquistar por 3 vezes um espaço na Escola de Belas Artes, mas humildemente obedece seu destino, terá que formar-se longe das academias, dos lugares da Arte e se sujeitar a uma vida obscura e anônima. Trabalhava como menino de recado da mesma forma que Carpeaux(seu professor)no passado. Como vendedor em bazar e por fim, como pedreiro, sob as ordens de um decorador.
Com o escasso dinheiro que reúne, aluga um salão e o transforma em um estúdio. Modela uma cabeça de vagabundo e em 1860 um vagaroso retrato do seu pai.
Quando tudo parecia fluir, entra em desespero ao saber da morte de sua irmã, e se afunda num abismo. Tão grande é a dor que experimenta, que abandona tudo, batendo as portas de um convento, possuído por vertiginosas experiências religiosas – “ Quando era jovem e comungava me sentia penetrado por uma força que me transportava” – disse ele, de si mesmo.
Lá retratou o padre Eymard e em conversa com ele enquanto posava, percebeu que sua entrada na religião tinha sido uma fuga. E o padre então o anima a sair da ordem religiosa, e resgatar sua vida... assim foi...Rodin voltou com mais experiência, mais conhecimento, e mais forte pra continuar sua lida. Prosseguiu com seus dotes artísticos nas ruas, ateliês e ofícios.


Em 1864 entrou no ateliê do escritor Ernest Carrier Belleuse, e trabalhou na decoração escultórica de inúmeros edifícios de Paris. Nesse mesmo ano vê excluído do salão – “O homem do nariz quebrado”, ao mesmo tempo conhece “Rose Beuret(uma aprendiz de costureira) com a qual se unirá para sempre.
O futuro criador de “As portas do Inferno”, livre e espontâneo, indomável, se vê obrigado a vestir o uniforme de cabo da guarda nacional e submeter-se a disciplina militar, durante a guerra de 1870, entre França e Prússia, dado baixa por deficiência visual, continuando o seu trabalho com Carrier-Belleuse.
Em 1871, vai para Bruxelas trabalhar nas figuras que adornarão o novo edifício da bolsa.
No ano de 1875 partiu para Itália, onde estudou a obra de Michelangelo até 1877, retornando a Bélgica e depois a França. Participou do círculo artístico e literário de Bruxelas e do salão dos Artistas franceses com sua obra – “A idade do Bronze” – em 1877 como título de “O Conquistado”, e depois no salão de Paris, já com o título definitivo. É um não absoluto, masculino, e adolescente, tão realista, que os críticos se negaram a abdicá-lo a um escultor desconhecido e afirmaram que tinha sido realizada a partir de um molde extraído de um modelo vivo. Houve necessidade de abrir investigação na qual chegou a intervir o Ministério das Belas Artes, para que por fim a comissão encarregada declarasse que o autor não era um grande artista, mas que seria um grande escultor.
Hoje mais de 150 cópias da escultura adornam os museus do mundo. Porém naquela época não era dado a Rodin o devido valor, tendo que trabalhar para outros escultores.
O antigo padrinho “Carrier Belleuse” – o contrata como desenhista de vasos de SÉVRES e enquanto isso, Rodin dá início a outra obra prima – “São João Batista”, que foi exposto no salão em 1880 e foi um grande sucesso. Finalmente se reconheceu Rodin, - um grande escultor -!


*Essa história não termina aqui, no próximo capítulo eu termino, mostrando inclusive a maior obra deste artista - "O Pensador" - e a releitura que fiz de sua obra, me aguardem! Pois a parte mais "bonita" virá, onde mostrarei através de uma analise, um homem que eu encontrei através de suas obras, e em particular-"O pensador" - onde me afundei dentro de sua alma para poder entender e viver seus sentimentos mais profundos, e ricamente demonstrado através de uma visão de mundo, e do ser humano, e seus maiores valores!

sábado, 1 de maio de 2010

Galeria Aberta

Beleza Oculta - Acrílico s/tela - 50x50 -Waleria Lima-

Uma obra pode dar satisfação, agradar, surpreender, ampliar nossa compreensão sobre um tema, ou enriquecer nossa percepção de formas.
Pintar não é só cansar o corpo, mas por dentro também, e quando acabamos sentimos uma sensação de bem estar, é como se estivéssemos lá dentro do quadro, fazendo parte da obra!


Este quadro é mais um de minhas criações –


segunda-feira, 5 de abril de 2010

O vento do outono varrerá as folhas murchas - Jean Antoine Watteau - Francês - 1684/1721

Assim que olhei esse quadro me apaixonei por esse artista, que me aproximou da essência lírica e deliciosa de um romantismo que hoje se encontra tão longe da alma humana! Seria um jogo de palavras que nos submete aos sentimentos mais profundos, que merecem ser estudados, interpretados, e “talvez” imitados.

Esse artista tem nesta pintura, sua obra prima – GILLES – um pierrot gigantesco, seu auto-retrato espiritual: onde representa através da pintura seus traços marcantes, entre a timidez e a sensibilidade, onde os sentimentos se confundem e se declaram num breve e tão despercebido sorriso, o menino que mora dentro dele, e num olhar doce e triste, declara sua fragilidade em relação ao tempo. De braços caídos, de forma desanimada assiste ao espetáculo sem participar dele.
Sua ascendência familiar, vinda de seu sobrenome (Gateau-doce) houve doceiros e padeiros. Honrou a tradição, criando uma obra saborosa, para a imaginação deliciosa para os sentidos, sugestiva para o sentimento.
Seu pai, era um humilde pedreiro (trabalhava c/ardósias) e quando o filho já estava em idade de ajudá-lo, provocou a ira paterna ao preferir entrar no ateliê de Gerin, um pintor da cidade natal – Valenciennes – localizada próxima a fronteira de Flandres, recém conquistada por Luís XIV. Nesta época tinha 14/15 anos. Não satisfeito, o mestre por sua parte também não conseguiu reter muito tempo o precoce discípulo, e como seu pai se recusou a pagar pensão, abandonou sua casa, sem dinheiro, sem roupas, com o único desejo de refugiar-se em Paris, na casa de algum artista. Mas como tudo é difícil nesta vida, lá encontrou muitas dificuldades. Foi trabalhar para um fabricante de quadros em série da ponte de Notre Dame.
Aproveitava suas andanças para registrar tudo aquilo que lhe chamava atenção: andrajosos, mendigos, cortesões enfeitados, injuriadas prostitutas e damas refinadas.
O trabalho esgotante, o salário miserável, o mal ambiente, desgastam muito em breve aquela juventude frágil e sensível corporalmente, incapaz de sustentar durante muito tempo sua disposição e força de espírito.
Watteau não demorou a contrair uma irreversível tuberculose.


Mais flamengo que francês freqüenta círculos de antigos compatriotas em Saint-German. Graças aos marchands Jean e Pierre- Jean Mariette conhece Claude Gillote, desenhista que tinha trabalhado na comédia Italiana, expulso do país por influência de madame de Maintenon: a Comédie Française – não tinha podido suportar o êxito dos cômicos italianos.
Através de Gillot, familiariza-se com os personagens da Farândola. Os fantásticos, delicados e risonhos arlequim, colombina, mezzetino, scapino...até 1708 colabora com Gillot e conhece Claude Aubran, decorador de palacetes e alguns conjuntos florais, bestiários, comediantes e pastores que se repetem uma e outra vez. Graças a Aubran, conservador do palácio de Luxemburgo lhe abrem a porta deste, e a coleção das pinturas que Rubens fez para Maria de Médicis. Seu coração se alegra diante daquela jovialidade colorida e viva. Nos jardins do palácio, exuberantes e belos, encontra sua paisagem predileta; passando a ser seu cenário favorito. Ali encantado pela beleza, Watteau, pintava envolvido pela música que seu amigo Julien (violoncelista) interpretava para ele.
Inovador e criador, não desdenhava da disciplina dos estudos acadêmicos. Em 1708, inscreveu-se na academia situada no Louvre. Nesse mesmo ano participa do prêmio de Roma. Decepcionado por ter conseguido apenas o segundo posto, regressa a Vallenciennes. Encontra-a em cenário da guerra, entre o rei da França e o Imperador. E da mesma forma que tinha vagado pelas ruas de Paris, coberto de lama acompanha os soldados, contempla as suas atividades, armazenando material suficiente.
Seus quadros são inundados na teatralidade-
Muitos tem motivos variados e várias interpretações.
A música está sempre presente.
Identifica-se com o estilo rococó. (estilo artístico de origem francesa caracterizado pelo excesso de elementos decorativos).

Pinta desfiles de tropas, acampamento, ronda de soldados. Seus quadros conseguem um grande e inesperado êxito em Paris. Seu marchand - Pierre Sirois – o anima a regressar e oferece sua casa, onde conhece o genro deste – Gersaint – que se transformou num grande amigo protetor e biógrafo.
Em Paris consagra-se a pintura. Encerra-se no ateliê e utiliza como modelo seus próprios desenhos, realizados com lápis vermelhos e negros e lápis brancos para os toques de luz.
Watteau é simples em seu viver, e em suas pinturas procura exprimir o seu mundo fragrante, sensitivo, feito de graça, refinamento e beleza.
Seria um gesto de generosidade, ao se aproximar do eterno, mesmo sabendo que o limite estava presente em sua realidade.
Em sua suave tristeza, tenta cobrir o que os olhos não querem ver. Através de sua pintura se faz presente: ouve sussurros, espia os beijos, presencia os bailes, sente cada nota musical, sonha com a mitologia, vive o amor que só pode realizar com seus pincéis, pois não se atreve, pois tem medo que a proximidade rompa a poesia.
Igualou em anos, trinta e sete a outros dois criadores: Rafael e Van Gogh, e com eles marca a história da pintura. Se há um antes e um depois de Rafael e Van Gogh, existe um modo de pintar anterior e posterior a Watteau .
Termino esta postagem dizendo:
_ O vento do outono varrerá as folhas murchas, mas jamais varrerá Watteau de minha lembrança!

domingo, 14 de março de 2010

O Argentino mais Baiano do Brasil - Hector Júlio Páride Bernabó - Lanus-Argentina (1911/1997

A liberdade está na possibilida
de de escolher aonde viver, de que maneira e que benefícios nos trará, para exercitar em nosso cotidiano a nossa verdadeira vocação.
Tem pessoas que nasceram só pra trabalhar e ganhar dinheiro, outras conseguem perceber de forma clara e simples que o trabalho pode ser também uma forma de lazer, pois aquilo nasce de uma forma espontânea, e o maior ganho está num nível mais alto, onde o comum não pode alcançar, nem se pode entender.
Terra da música, dança, escritores, pintores, um povo com gingado malandro, de fala mansa, ninguém imaginaria que um argentino deixaria sua terra natal, para adotar um lugar festeiro, próprio para quem vive em festa.
Você já foi a Bahia? Carybé teve seu 1° encontro com ela em 1938, numa manhã de Agosto. Estava de passagem, enviado pelo jornal argentino para o qual trabalhava.
Através do romance escrito por Jorge Amado, cresceu dentro desse artista o desejo de conhecer a Bahia... foi amor a primeira vista, e assim como um adolescente foi surpreendido por um cenário colorido, pela luminosidade, pela malemolência, pelo mar, que descobriu sua eterna fonte de inspiração. Naquele momento surgiu sem dúvida uma enorme vontade de aportar naquele estado, e ali recomeçar a orquestrar sua vida, e assim foi...

Carybé era curioso e buscava a autenticidade dos povos, seus costumes para retratar em sua arte. Aprendeu o gosto pelas viagens com o pai, ( Ênea), italiano de Toscana. Passou a infância na Itália e a adolescência no Rio de Janeiro. Era filho de mãe brasileira. E dessa época que surgiu o apelido Carybé – dos tempos de escoteiro (e nome de um peixe da região Amazônica) e que acabou adotando artisticamente, para não ser confundido com o irmão que também era Bernabó e artista.
Com a falência do jornal em que trabalhava, voltou a Argentina e lá conheceu sua companheira, Nancy, com quem teve filhos e viveu até o fim.
Em 1950 decidiu definitivamente viver o sonho que havia sonhado, aportou 1° no Rio de Janeiro, para trabalhar como ilustrador na Tribuna da Imprensa, mas largou tudo, quando conseguiu uma bolsa para fazer o que mais queria, pintar na capital Baiana.
Salvador naquela época (década de 50) tinha no máximo 300 mil habitantes, pouquíssimos automóveis, muitas carroças e bonde de 1 trilho só. Quem queria acontecer ia embora para o Rio ou São Paulo (assim como fez Jorge Amado), mas Carybé fez o caminho oposto. Instalou-se com a família numa casa pequena num bairro (Ondina) afastado, e sua estrutura na época sequer tinha iluminação elétrica. Lá conheceu o escultor Mário Cravo Jr, (com quem fez amizade fraterna), trabalharam juntos, viajando para o interior, pesquisavam artistas populares, trazendo informações, fizeram a arte contemporânea emergir nesse canto do nordeste. Um trabalho que valorizou a formação do povo, e ajudou na definição da identidade Baiana.

No começo da década de 60, depois de fazer o painel para o aeroporto John Kennedy, em Nova York (hoje transferido para o aeroporto de Miami), ganhou um bom dinheiro e comprou uma casa em Brotas (Salvador) num terreno de 2,5mil metros quadrados, e atrás da casa fez seu ateliê, onde passava os dias pintando, desenhando, esculpindo... era um artista de muitas técnicas, trabalhava em várias peças ao mesmo tempo(aliás, eu também sou assim). Quando enjoava de uma, continuava outra. E quando queria parar, saía para uma volta no mercado, no terreiro, ia plantar, pois adorava mexer com terra, e sempre que viajava trazia sementes.
Jorge Amado registrou que Carybé era um autêntico Baiano do povo:
“– plantou raízes tão profundas na terra Baiana como nenhum cidadão nascido e amamentado!”
Em suas pinturas figurativas, podemos ver o retrato vivo de um povo festeiro, cenas cotidianas, as mulatas de corpos fartos, os santos do candomblé, as festas...
Os trabalhos que mais lhe davam orgulho eram os murais, pois ficavam em lugares públicos, vistos por muitos.

Em comemoração dos 70 anos de chegada a Bahia, em 2008 o Instituto Carybé juntamente com o Instituto Verger, lançou o livro Carybé & Verger, " gente da Bahia", que reúne trabalhos do artista e do fotógrafo francês (eram bastante amigos), onde retrataram o modo de vida em Salvador. As vezes as cenas eram tão parecidas que foram unidas – pintura e fotografia – como uma única obra, dando espaço a uma exposição no Museu de Arte Moderna de Salvador, em Maio de 2009. O Instituto estuda agora uma maneira de manter essa rota como uma atracão da cidade, e prevê também a abertura do ateliê a visitação pública, pois tudo lá está como o artista deixou, quando saiu de cena(1997-enfarto): tintas, trabalhos inacabados, biblioteca, deixando cerca de 5.000 obras, entre elas: aquarelas, serigrafias, ilustrações de livros de Jorge Amado, Mário Vargas Llosa e Gabriel Garcia Marques, murais, azulejos, gradis...
Carybé recebeu convite para morar nos Estados Unidos, mas seu coração já pertencia a Bahia, uma terra cantada por Dorival Cayme, falada por Jorge Amado e pintada por suas mãos!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O Pequeno Principe e uma mensagem de sabedoria!

Agora sim, o ano novo começa.. .rsrsrs.. .Por isso pensei em entrar com o pé direito. Conversei com a Walzinha e ela imediata
mente falou:
_ foi o tempo que perdestes com tua rosa, que fez tua rosa tão importante!”

_ Então pensei que esta postagem sem dúvida seria dedicada a todos os meus “amigos internautas”, que prestigiam o Wallarte, e dizer que são por eles e por mim é claro... rsrsrs... que rego todos os dias esse meu espaço aberto ao mundo. Um verdadeiro desafio e ninguém melhor que a Walzinha para narrar:

_ era uma vez um Pequeno Príncipe que habitava um planeta pouco maior que ele, e que tinha necessidade de ter um amigo. Olhava o céu azul com suas estrelas piscando e conseguia ver que são nas pequeninas coisas que estão o verdadeiro tesouro!
Esse príncipe descobriu que sozinho ele não era absolutamente nada, que o amigo verdadeiro e fiel é que dá sentido a nossa vida!

Já estou começando a ficar ansiosa, agitada, pois sei que daqui a pouco algum “amigo” entrará no Wallarte, e deixará ou não um comentário e assim descobrirei o preço da felicidade!!!
Enfim... para aqueles que compreendem a vida, parece sem dúvida uma história verdadeira!

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Geografia Espanhola nas pinturas de Joaquin Sorolla Y Bastida -pintor espanhol-Valença -1863/1923

Será que quando nascemos temos destino marcado, ou somos nós que fazemos nosso destino? Nascer, crescer, fazer escolhas, como é difícil viver! Acredito que sem a arte o ser humano não seria nada, não teria o registro de uma história, cultura e não desenvolveria sentimentos nem emoções!
Hoje conto uma história de um pintor que mesmo órfão aos 2 anos de idade, foi educado pelos tios, recebendo deles orientação para sua verdadeira vocação – o desenho e a pintura, onde foi estudar na escola de belas artes de sua cidade natal. Se foi presente de Deus, não sabemos, mas na verdade tudo isso amenizou e enriqueceu sua vida. Sempre muito dedicado, aos 20 anos conseguiu seu primeiro êxito – uma medalha – na Exposição Nacional de Madri com um quadro onde se agitavam numerosas figuras em um grande espaço –– e assim foi sua trajetória de vida, cheia de sucesso e honras.


Em 1895 obteve vários prêmios por suas obras dedicadas ao mar e a pesca. Seus êxitos prosseguiram em Paris, Munique, Chicago, Viena, Berlim e Veneza – Sorolla, que tinha começado a encontrar-se ao conhecer os impressionistas, descobriu seu próprio centro de gravidade, ao descobrir em JÁVEA, no verão de 1894, o mar, a praia ensolarada com seus banhistas e seus tipos. Durante muitos Verões o viram sempre com seu cavalete, suas telas e pincéis na mesma praia. Nesses quadros tão variados como unidos por idêntico tema, únicos na história da arte, realiza com singular alegria, vibração e intensidade em suas inconfundíveis cenas de praia que estouraram luz e são capazes de transmitir sua incontida alegria ao espectador. Daí seu êxito em Berlim, Dusseldorf, Colônia e Londres, para prosseguir do outro lado do Atlântico em Nova Iorque, Búfalo e Boston.
A exposição em Paris contou com mais ou menos 50 mil visitantes; a de Nova Iorque mais ou menos 160 mil e Sorolla vendeu 200 dos 356 quadros apresentados.
Sorolla possuía luz própria como suas telas, e em conseqüência destas exposições, a instituição – Hispanic Society, encomendou-lhe o que seria seu canto do cisne: Um grande mural à óleo no qual deveriam estar representadas todas as regiões espanholas através de suas paisagens e figuras características.

Sorolla se dedicou completamente por 8 anos, viajou por toda a geografia espanhola, a fim de concluir as 14 grandes telas. A última, de 14 metros de comprimento por 3,5 de largura, medidas comuns a toda série, foi concluída em Ayamonte, na fronteira com Portugal.
Poucos meses depois Sorolla adentrou no abismo da enfermidade que o mataria 3 anos depois. Não pode acompanhar suas obras a Nova Iorque, que começariam a expor de forma permanente...Mas isso “talvez” não fosse relevante, mas sim a conclusão de todas as pinturas encomendadas.
Sorolla deixou além de uma época que bem pode se chamar “Sorolhismo”, mais de 2.000 obras acabadas, as que poderiam somar outras 20.000 levando em consideração suas anotações, desenhos e notas coloridas.Sorolla descobriu sua vocação e atribuiu em suas criações um caminho que o levaria ao sucesso, e definição de uma obra singular, própria de sua escolha, dedicação e amor a um tema que ao invés de prendê-lo lhe deu asas para voar, deixando em cada tela pintada, um
mar que fala de várias formas e beleza!


Em Junho de 1932 pouco depois da morte de sua viúva, inaugurava-se em Madri o museu Sorolla propriedade do estado espanhol por legado da esposa do pintor, o museu de luz e cor, de autêntica pintura, tão espanhola quanto universal.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Arte Naif, pintura simples e pura - Henry Rousseau -1844/1910-França



Caminhos trilhados muitas vezes sem entender, vagar por terras, povos, entre pessoas diversas. Uma criança que não tinha nada de concreto e depois adolescente uma fase difícil, onde a mente indaga e não encontra respostas... indeciso tem que se desfazer de tudo a todo momento, se transformando num andarilho, a procura da sua verdadeira identidade...quem sou eu? Pergunta que nos assombra a todo o momento em nosso mundo interior... que nos faz refletir sobre nossos atos, escolhas, naquilo no qual nos transformamos.
Entre o sol e a chuva por detrás da janela, estou eu, olhando não para fora, mas estou longe, dentro de uma história real, acontecida entre 1844 à 1910 – França, onde por um tempo fiz parte da vida de Henry Rousseau...que aos 19 anos em 1863 cometeu vários pequenos atos delituosos próprios da malandragem itinerante, ingressando no exército que “talvez” tenha lhe dado uma visão do certo e o errado.

Conforme a lenda que ele mesmo encarregou-se de fomentar, fez parte como saxofonista da banda de um regimento militar destinado no México. No entanto, fontes mais seguras mostram que foram frutos de sua fantasia, nutrida isso sim, pelas recordações dos soldados amigos que tinham regressado daquele exótico país.
Rousseau possuía uma carência que lhe fazia companhia, não só pela vida e o modo como ela se apresentou, como as perdas, do pai, dos filhos e da esposa, que lhe causaram solidão, angústia e saudade... talvez assim buscasse criar um mundo diferente do qual ele já conhecia.
Depois da guerra Rousseau arranjou emprego como aduaneiro de 2ª categoria, e esse lhe consumiam 70 horas semanais e passa ser entediante ócio o qual começa a preencher com sua afeição ao desenho. Assim pouco a pouco, Rousseau descobre a sua vocação pela cor e pela pintura.



Em 1884 obtém um passe de copista para poder entrar no Louvre e dois anos depois rejeitado pelo salão, expõe no dos independentes. Neste mesmo ano decide abandonar o seu emprego com uma modesta pensão, a fim de poder dedicar-se a sua vocação.
Aos 42 anos Rousseau, pinta limitando-se ao seu próprio estilo, refletindo as paisagens que a sua fantasia lhe mostrava, procurando seus modelos no jardim de plantas.
Em 1892, por ocasião de uma mostra pictórica, seu auto-retrato arrancou de Gauguin estas palavras:

_ “Isto é pintura, a única coisa que nesta exposição pode ser chamada pintura!”.
Pintor autodidata, que apesar disso, não retrocede no seu desempenho, compartilha seu amor a pintura com quem acaba de chamar a sua porta: Casa-se com a viúva Josephine Noury, mas ao fim de 4 anos estava viúvo outra vez.
Consegue um título de professor de desenho e começa a dar aulas particulares, as quais lhe permitem pagar as dívidas contraídas com seu fornecedor de telas, que o havia denunciado como caloteiro.

Em 1907, talvez em recordação de uma marginalidade de adolescência se vê implicado em um roubo ao banco da França, pelo qual é julgado e condenado a 2 anos de prisão menor; mas Picasso colocou seus olhos nele: comprou um de seus quadros, que levava constantemente consigo. Em 1908 organiza em sua homenagem um jantar ao qual comparecem entre outros: Braque e Apollinaire. Este lhe encomendou o retrato de sua amante _ Marie Laurencin: _ Rousseau pinta um quadro imenso, totalmente ocupado pela retratada. Quando esta irritada, joga-o na cara do pintor! Ele respondeu com toda a candura deste mundo:
_ " Um grande poeta, necessita de uma grande musa!"

Apoiado por nomes tão célebres, Rousseau teria podido desdobrar-se nas glórias da nova e incipiente fama; mas não foi assim.
Um terceiro amor não correspondido tirou-lhe a vontade de seguir adiante. Cansado de lutar e criar ilusões, esse artista considerado o 1° e mais famoso pintor naif, desistiu de interpretar seu papel, desceu do palco, e se recolheu ao fracasso.
Morreu em 02/12/1910 em um hospital de Paris. Só 7 pessoas compareceram ao seu enterro. A cova comum acolheu os seus restos mortais. Dois anos depois, mãos piedosas os levaram a uma sepultura individual, na qual Apollinaire gravou uns versos ao artista independente, socialista e sem outro Deus que frondosa natureza, entre infantil e paradisíaca.


Agora eu consigo ver através da minha janela suas pinturas em cores vivas. Imagens desproporcionais e algumas vezes irreais, de forma simples e pura.


Oi turma! Bem vindos ao blog Wallarte!Não nos vemos desde o ano passado, há, há, há...
Uau! Que história empolgante deste artista! Agora fala sério: a arte NAIF está ligada ao genuíno, então podemos dizer que a arte Naif é ser autêntico? – Hum... que tal quebrarmos um pouco a cabeça?

Voltarei em breve...xaaaaaaaaaaaaau!!!
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