terça-feira, 8 de novembro de 2011

AMAZÔNIA E SUA EXUBERANTE BELEZA - MARGARETH ÚRSULA MEE - INGLATERRA - 1909/1988

Muitos vivem e não se dão conta, outros vivem germinando ideias, questionamentos, e deixando um pouco do seu perfume...sim, uma amante das plantas, apesar de não ser botânica profissional, mas um vasto conhecimento combinando a expressão artística com a natureza e a ciência.

Margareth Mee, uma pessoa com visão futura, com uma grande preocupação com o mundo, com a extinção ocorrida por vários fatores, que hoje estão devastando, ameaçando a "vida humana!" Tudo isto foi previsto há muito tempo atrás, mas devido a ignorância da época, todos eram vistos como "bruxos": e hoje qual seria a desculpa? O que fazemos com todas as informações que recebemos? Por que um jogo de futebol é capaz de mobilizar uma nação, e uma passeata em prol da paz, um não a corrupção não é capaz de mexer com o povo brasileiro?

Margareth Mee desde muito cedo mostrou ser uma pessoa de espírito aventureiro, sempre ligada a novas descobertas, buscando sempre um alimento para a alma! Apesar de ter talento evidente, colocou de lado a faceta artística e se embrenhou na vida política, e assim, como o primeiro marido, juntou-se ao partido comunista britânico. Tendo grande papel como oradora e demonstrava grande paixão por seus ideais.

Mee era despojada, uma mulher de coragem em se expor era muito grande, quebrando o silêncio imposto as mulheres na época. Dedicou-se as causas de luta contra a pobreza, a guerra civil espanhola e o movimento fascista na Inglaterra.

Não gostaria muito de me deter na parte política, mas somente dizer que nos meados da segunda guerra mundial, Margareth Mee Alterou suas convicções e com a ajuda de amigos, entrou em 1947, para a Escola de Arte de St.Martin - em Londres - a qual acho que fez muito bem, pois sua vocação gritava muito mais alto, e através dela se podia dizer muito mais ao mundo!

Com o trabalho desenvolvido nesta escola foi admitida na Escola de Arte Camberwell(Londres), onde mais tarde se tornou professora. Lá conheceu Victor Pasmore, um dos melhores pintores britânicos, e que teve uma grande influência sobre ela.

Em 1952, Mee, veio para São Paulo com seu segundo marido com intuito de cuidar da irmã doente. Chegando lá deu aulas e seu marido se ocupava como comerciante de arte. Durante este período, o fascínio pela exuberância da mata atlântica que na época cobria grande parte do estado, incluindo áreas que hoje fazem parte dos subúrbios urbanos, levou-a a pintar plantas e flores que encontrava em passeios locais. Daquele momento em diante Magareth se apaixonou pelo que viu e encontrou um novo desafio em sua vida - "pintar as florestas tropicais."

Mudou-se para Belém do Pará, e se inspirou nas pesquisas de um famoso expedicionário - Richard Spruce, cujos itinerários serviram de exemplo para suas próprias expedições.

Em 1956 fez a primeira viagem a floresta Amazônica, e ali foi um despertar de uma grande paixão que transformaria sua vida para sempre. Foram 15 expedições de 1956/1988 - digamos que seja um sonho transformado em uma bela realidade, onde seu trabalho seria: _ desenhar, pintar e coletar muitas espécies de plantas, tal como existem no seu habitat natural.

No meio dessas idas e vindas fez grandes descobertas. Registros de espécies que a comunidade científica pensava estar extintas, uma vez que não eram vistas há décadas!

Na última expedição realizou o sonho que tinha desde 1965, ( já havia tentado várias vezes ) de capturar o desabrochar da FLOR DA LUA (uma espécie rara de cactos - selenicereus Witti (cactaceae)cujas flores brancas abrem unicamente numa noite de lua cheia no ano. Declaração de Margareth Mee sobre aquilo que viu: _ "Enquanto me posicionava ali, com a orla escura da floresta ao seu redor, sentia-se enfeitiçada. Então a primeira pétala começou a mexer-se , depois outra e mais outra, e a flor explodiu para a vida!!!"

Seu trabalho começou a atrair atenções, e em 1960 foi convidada pelo Dr. Lyman B. Smith, um especialista em bromélias, para participar do projeto - "Flora Brasílica"- fazendo ilustrações na seção de bromélias.

O projeto durou 5 anos, viajou todo o país, e se tornou perita em plantas da família BROMELIACEAE, descobrindo novas espécies, três das quais receberam seu nome.

Em 1969 foi publicado o livro escrito por Lyman B.Smith com pinturas de Mee - intitulado _ "THE BROMELIADS"

Margareth sempre solicitada, veio parar no Rio de Janeiro, indo morar no bairro de Sta Teresa seguindo a sugestão do amigo e companheiro de algumas expedições - o paisagista e botânico "Roberto Burle Marx". E foi nessas expedições que colheram várias espécies de plantas tropicais para os seus jardins. Dessa maneira, MEE, pode contribuir muito para o enriquecimento dos jardins do Rio de Janeiro, doando espécies de plantas recolhidas nestas viagens.

No RJ, trabalhou com Guido Pabst, um perito em orquídeas e contribuiu para a ilustração do seus livros com suas pinturas: _ FLORES DA AMAZÔNICA, EM BUSCA DE FLORES e NA FLORESTA AMAZÔNICA(aquarelas).

O que teria levado esta pessoa a assumir um papel tão importante dentro do Brasil e para o mundo, numa visão onde a beleza das cores, a vida nas florestas tropicais se tornaram tão latentes? Seria apenas um desejo particular, ou uma visão ampla e futurista, que um dia muitas espécies desapareceriam?

Muitas viagens, muitos perigos, doenças, convivência com os índios, muitas dificuldades e cansaço, mas nada a impedia de registrar tudo que observava. Nesses 30 anos vivenciados durante suas expedições na Amazônia, foi percebendo o crescimento desordenado da atividade humana, causando alterações dos ecossistemas, e assim, a tristeza e a reflexão começaram a ganhar forma. E além de fazer seu papel como artista e pesquisadora, começou a lutar pela preservação. E apesar da falta de liberdade nos anos 60/70, não a fizeram calar. Não podendo se expor em público, procurava outros meios. Quando mais tarde se passou a existir liberdade de expressão, foi uma das primeiras pessoas, a falar sobre - DEVASTAÇÃO CRESCENTE - e sem sentido da FLORESTA AMAZÔNICA, inclusive chamando a atenção de outros países para este fato.

Margareth Mee diante de tal realidade fez uma coleção privada de todas as suas aquarelas de cada espécie, nomeando de: _ COLEÇÃO DA AMAZÔNIA - Seu desejo, era que todos pudessem ter acesso a um guia vasto e completo de espécies raras, muitas hoje já extintas. Sua intenção era vender seus registros a uma instituição americana ou inglesa, para serem preservados. Você deve estar se perguntando: _ Por que não o Brasil? _ Hum... pelo que sei, é que sua intenção era que sua coleção fosse mantida fora do Brasil, pois tinha tido experiências desagradáveis com o Instituto Botânico de São Paulo, e ainda por razões pessoais.

Foram feitas várias negociações, muitas não aceitas pelo preço inferior ao pretendido. Finalmente em 28 de Novembro de 1988 foi fechada a compra pela Companhia TRUST(Inglaterra) aceitando o preço e as condições estipuladas pela pintora como: _ 1 - dar ao público acesso fácil a coleção - 2-criação de bolsas de estudo para novos artistas e biólogos para continuarem os estudos da Amazônia - 3 - A vontade de que suas pinturas nunca tornariam ao Brasil.

Creio que o que aconteceu com MEE, acontece e aconteceu com muita gente aqui no Brasil, que é a falta de incentivo, valor e reconhecimento, mas isto, eu deixo pra uma outra postagem.

Mee morreu na Inglaterra em 1988 em um acidente de carro.

Pelo que li, posso dizer, que ela deixou um grande legado, incomparável e sobretudo regado de um sentimento nobre que define toda sua dedicação -

o AMOR -!!!



sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Sketchbook -

Todos os caminhos nos levam a algum lugar, mas nunca teremos certeza se realmente foi a melhor escolha…mas quando traçamos uma reta e almejamos algo, o sabor da vitória é bem maior! Esse escrito me fez lembrar a primeira aparição de Emanuel, o mentor espiritual de Chico Xavier, em sua resposta onde deixou bem claro, como se tornar um bom espírita:
1a Disciplina acima de qualquer coisa
2a Disciplina
3° Disciplina
Digo que em nossa vida também devemos seguir estes conselhos para que sejamos o melhor em tudo que realizamos.
Hoje gostaria de falar de uma menina (que já citei várias vezes), que desde pequenina já desenhava como toda criança, mas com um desejo a mais, assim como aconteceu comigo.
Com 12 anos começou a pintar telas com uma desenvoltura muito grande.
Acho que poucas pessoas já nascem determinadas, e disso nunca tive dúvidas.
Jéssica queria estudar na UFRJ – fez o vestibular e passou em 5° lugar em – Desenho Industrial- Essa conquista só vem reafirmar o nosso desejo de querer, a luta, a determinação, o mérito!
Foi aí que surgiu o sketchbook – pra quem não sabe, é um caderno que podemos definir como um diário de imagens, pensamentos…é um instrumento essencial na vida de todo “artista” Pois em qualquer momento, lugar, lança mão pra fazer esboços…e cabe na bolsa, mochila, enfim…
O ideal é você mesmo confeccionar o seu skecht(não que não tenha nas lojas, mas é meio difícil de achar)pois cada um encontra formas diferentes de construção, e isso que é interessante!
  • No 1° dia de aula da Jéssica, a professora pediu esse tal caderno, e como o tempo estava pequeno e a exigência pra ontem, acabei fazendo o Sketchbook pra ela. Costurei vários tipos de papeis e cores – onde se pode trabalhar várias técnicas que vão desde o desenho à lápis, aquarela, lápis de cor, canetas e tintas, e assim por diante.













A capa fiz com fundo preto, e desenhos geométricos formando módulos.
Adorei fazer, tanto que farei outros, até porque preciso…mas não fiquem pensando que esta postagem termina aqui, prometo voltar mostrando tudo desde o começo, pois vou passar todo o processo pra Jéssica , para que ela possa sentir como é gostoso o processo de criação!
Me aguardem!!!! Rsrsrs…

domingo, 7 de agosto de 2011

Amy Jade Winehouse – 1983/2011 – cantora/compositora – Londres-Inglaterra



Dias ensolarados, céu azul e aquela voz entrava pelos cômodos, estacionava em meus ouvidos, e naquele momento nascia em mim, uma admiração. Por uma voz até então nunca escutada, e assim me bateu uma vontade louca de saber de quem era, até que descobri através do DJ Lucyus meu sobrinho, que passou algumas canções desta cantora, que passei a ouvir mais(pois estou sempre escutando em meu MP4)e hoje senti vontade de dedicar esta postagem a ela.

As vezes quando paro pra pensar, fico imaginando o que leva um ser humano, seguir caminhos tortuosos. O que será que passa na cabeça daqueles que se deixam levar ao ato da destruição? Será falta de amor, ou simplesmente nos tornamos vulneráveis num momento de fragilidade emocional? Gostaria de entender por que certas pessoas se sentem tristes ao ponto de não enxergar que tudo é passageiro, e que só depende de nós saber esperar!

O que leva alguém a destruir seu corpo e mente diante daquilo que são só promessas, viagens, alucinações, mas que degradam e destroem?

Não devemos nunca dar o 1° passo ao caminho das drogas, seja ela qual for, pois a jornada é longa e as vezes pode-se perder o caminho de volta.

Vivemos um momento muito difícil, uma era onde muitos caminham sem saber aonde ir, notícias são piores do que podemos esperar, muitos falam, poucos escutam, a banalidade está dominando o mundo. O homem está preocupado com o físico, investindo na beleza comprada, mas aonde fica a “alma”? Neste momento peço a cada um que reflita tudo que eu disse até agora, e me diga, aonde está a verdade.

Por que certos artistas tem vida curta? Será que a mídia tem culpa nisso? Será que não estão sendo preparados para assumir tanto sucesso de uma hora pra outra, ou simplesmente são pessoas fracas, e ponto final?

Dizem que a vida é um palco, e que estamos sempre encenando, mas completo que muita gente acaba confundindo e vivendo um outro personagem, mudando toda a história.



Tenho lido vários artigos sobre Amy Winehouse, e na sua maioria, eles dão bastante ênfase a sua vida desregrada, vícios, shows fracassados,vaias… sim, sei de tudo isso, inclusive que nos últimos tempos Amy virou motivo de chacota, onde suas pernas falhavam, esquecia letras das músicas, perdia o humor facilmente…mas devo dizer que em tudo isso a minha preocupação não estava no público que à assistia, mas nesta pessoa que ali se encontrava “sozinha”, num verdadeiro “abandono,” despida de sentimentos, pudor, pedindo através de suas músicas –” atenção, amor, ajuda”!

Aonde será que sua vida parou? Aonde se encontrava a menina de 15 anos que sonhava um dia ser uma grande artista? Por que será que Amy se travestia de um personagem cujo o tempo ela não viveu, e cantava as maravilhas de um som cantado por cantoras como: Billie Holiday, Dinah Washington, Ella Fitzgerald…?

É justamente por adorar Jazz é que me tornei fã de Amy Winehouse. Não acredito que alguém possa substituir Amy, como tenho lido, até porque somos únicos…sua voz, suas músicas não são passageiras, mas irão tocar sempre. Se manterão intactas pelo tempo, se mantendo na moda assim como outras que aqui passaram, e só me resta dizer que toda vez que ouvir suas músicas, sentirei sua falta!

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Semana da Arte Moderna – Anita Catarina Malfatti – S.Paulo 1889/1964

Será que um dia nasceremos sabendo qual será nosso verdadeiro destino, ou simplesmente continuaremos a buscar vários caminhos, antes da chegada ideal? Eis a questão que muitas vezes nos aflige, cansa e nos faz sofrer!

Quando poderíamos imaginar que a mesma menina chamada Anita Malfatti, um dia se tornaria uma das principais pintoras brasileiras.  Alguém que tivesse tanta coragem de apresentar algo novo e revolucionário, num tempo onde tudo era representado como uma linha reta, sem curvas…aquilo que podemos definir como: _ “normal” _ mas o que podemos definir como normal, você saberia me dizer? _ Seria ser acadêmico, ou romper os laços do tempo criando novas linguagens? 

Suas pinturas, geraram espanto, risos e até comentários e críticas maldosas, geraldo abalo…mas nada disso levou a artista a abandonar aquilo que foi herança materna – “ a pintura e o desenho” (foto Anita Malfatti)

Anita%20MalfattiBety Malfatti (norte americana de origem alemã)não imaginava que sua pequenina menina, fosse superar suas deficiências (atrofia congênita no braço e mão direita)com vontade e determinação, passando a utilizar a mão esquerda para escrever, desenhar e pintar, já que aos 3 anos foi levada a terra do pai – Samuel – (italiano, naturalizado brasileiro – engenheiro – trabalhava com estradas de ferro e na construção civil), para tratamento médico, mas sem sucesso.

A vida de Anita Malfatti, foi esculpida de um currículo vasto, onde tudo começou praticamente em 1909, com suas primeiras pinturas, indo estudar em escolas de arte na Alemanha e EUA. Em sua passagem na Alemanha, entrou em contato com o expressionismo que sofreu bastante influência. Nos EUA teve contato com o movimento modernista.O FarolO Farol -

Anita percorreu o mundo, os museus. Conheceu muita gente importante, adquiriu experiência e sabedoria, deu aulas, colecionou títulos que a levaram a ser conhecida como: _REVOLUCIONÁRIA”alguém a frente do seu tempo, capaz de mexer com integrantes da classe social mais conservadora, pois suas obras retratavam principalmente os personagens marginalizados dos centros urbanos. Além de que suas pinturas fugiam dos padrões até então aceitos.

A mulher de cabelos verdes -1915- A Mulher de Cabelos Verdes – 1915 -

Em 1914 realiza sua primeira exposição individual, em São Paulo, mas foi em 1917, onde tudo eclodiu de fato, causando espanto, risos e críticas.

Com a primeira exposição de arte moderna – no qual o escritor Mário de Andrade riu muito ao se deparar com os quadros: _ O Homem Amarelo – A Mulher de Cabelos Verdes – A Boba…mas no entanto mais tarde, seus risos transformaram-se em admiração, amizade, e uma intensa troca de correspondências( dizem alguns relatos, que viveram um amor platônico) Tanto que anos depois o escritor acabaria adquirindo a tela – O Homem Amarelo- tornando seu grande defensor, numa das críticas recebidas pelo escritor de literatura brasileira – Monteiro Lobato – que publicou artigo dizendo: _ Paranóia ou mistificação? Argumentava que a nova pintura de Anita Malfatti, não representava o brasileiro e sua natureza com fidelidade. Chegando a ponto de insultar a pintora, tachando-a de “louca”.

O homem amarelo O Homem Amarelo – 1915 –(Em 02/12/89-foi emitido um selo comemorativo sobre o centenário do nascimento de Anita)

A crítica de Lobato repercutiu entre os modernistas e pouco depois, Oswald de Andrade e Menotti Dell Picchia saíram na defesa de Anita.

Da querela que se seguiu surgiu a divisão entre conservadores e modernos, que iria desaguar na Semana da Arte Moderna – em 1922, onde Anita expos seus trabalhos sendo premiada e consagrada.  Pois até então só a literatura reinava absoluta nas artes , tendo que ceder lugar para as atividades plásticas.

La Rentrée(interior)1915 La Rentrée(interior) 1925

Anita fez parte do “Grupo dos Cinco” com: Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Menotti Dell Picchia, e Tarsila do Amaral.

 

Eu poderia me deter em datas, lugares, detalhes, mas prefiro falar de sentido e sentimentos, onde o artista é capaz de agir e reagir ao tempo, aos fatos, as pessoas.

Anita trabalhou uma coisa que muita gente esquece, –” o sentimento”, pois sabemos que existe a pintura fria e inexpressiva, aquela que não nos dá vontade de entrar e participar da cena, e simplesmente apenas somos meros observados. Digo, que as pinturas de Anita são trajadas de fortes sentimentos, onde os personagens são banhados de cores fortes, muitas vezes levemente distorcidos. Nosso olhar se funde, desperta e indaga o que é imaginário, o que é real?

Muitos achavam suas pinturas cruas, mas como, se o tempo todo Anita expressava uma gama de aprendizado com muita liberdade e singularidade?

Fecho esta postagem com um pensamento de Mário de Andrade sobre Anita Malfatti:

_ “Seus quadros,  nos deram uma primeira consciência de revolta e de coletividade em luta pela modernização das ARTES BRASILEIRAS”

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Pinturas de Carlo Mense – 1886/1965-Artista Alemão -

Um enigma ou puro esquecimento?

Como não falar de um artista que dedicou sua vida inteira ao mundo das Artes? Você já ouviu falar em Carlo Mense? _ Eu ouvi pela primeira vez, através de um amigo que me mandou via e-mail, o site, e assim passei a conhecer suas pinturas. Não satisfeita, fui pesquisar mais  sobre sua vida…pois não entendo, não aceito essa indiferença, esse ato de deixar esvair pelo ralo, “obra e vida” de um artista de tanta expressão e conhecimento.

Carlos Mense nasceu na Rheine, Westphalia em 13 de Maio de 1886.  Em 1906 matriculou-se na Academia de Dusseldorf.

Em uma viagem a Itália com seu irmão “Rudolf”, acabou em Ascona, onde entrou em contato com movimentos reformistas, que exerceria uma influência duradoura sobre sua vida.

Carlos Mense - 1925 1922-

Em 1912 estava mostrando pinturas no  lendário Sonderbund exposição em Colônia e foi representada com o trabalho em 1913 na exposição - “Rhinish Expressionistas” – Isto levou ao contato com Herwarth Walden, cujo as revistas “ Die Aktion Mense e Der Sturm” contribui impressões.

A guerra eclodiu e com isso veio atrapalhar sua vida, onde foi convocado, e como havia se instalado na Renânia, só voltou quando a guerra chegou ao fim.

familia no retrato -Retrato de Família-1925

Em seguida, tornou-se um dos principais membros da “Gesellschaft  Fur Kunst”(Art Society)- que fundou a revista “Der Strom e em 1918 lá se juntou a associação de artistas - “Das Junge Rheinland”(jovem Renânia) e o Novem Bergruppe(Novembro Group) após seu casamento com Vera Baske.

Cultivou laços estreitos com Paul Klee na cena artística Schwabing.  Por conseguinte, o seu circulo de amigos últimos, incluía Oskar Kokoschka, José Eberz, Georg Schrimpf e sobre tudo, Richard Seewald.

- carlo 1922-

Nós artistas, temos muitas dificuldades de vários níveis, e só nossa classe sabe do que estou falando.  Isso vem desde o passado e disso Carlo Mense também não se livrou, muito pelo contrário.  Em 1925 foi nomeado professor na Academia Estadual de Belas Artes Aplicadas em Breslau, mas em 1932, a academia foi fechada, e perdeu sua posição.  Depois atribuindo ao prêmio Roma, garantiu uma bolsa até o verão de 1934.

Entre o sim e o não, – MENSE – teve uma vida feita de incertezas, muitas injustiças, e pelo pouco que li, me pareceu uma pessoa de muita personalidade, que não se abatia, nem aceitava aquilo que representavam como verdade. Tanto que em suas pinturas não seguia simplesmente aquilo que aprendeu, mas mostrava nelas sua alma! Tanto que mais tarde, seus trabalhos foram marcados de - “arte degenerada” – pelos nazistas, e 34 obras foram apreendidas e destruídas nos ataques de bombardeio -pelo Nacional –Socialistas de coleções públicas -

mae do artista - 1925  -Mãe do Artista- 1925

Depois só se ouviu falar dele em 1956, quando teve uma One-Man-show de seu trabalho, em Konigswinter, por ocasião do seu aniversário de 70 anos.

Esse amigo que relato no começo da postagem é Valter Mense - sobrinho-neto deste grande artista.Akt%20im%20Raum,%201928-29%20CM 1928/29

Termino esta postagem com uma frase que é capaz de causar reflexões:

_ Sei que uma vida tão rica de detalhes, sumiu num pequeno sopro, como se fosse absolutamente nada!!!

Até breve…

sexta-feira, 15 de abril de 2011

O Retratista – Rembrandt Harmenzoon Van Rijn(1606-1669) – Pintor-Gravador-Holandês -

Mestre da cor, do desenho, da gravura, mestre dos mestres - nascido as margens do Reno, junto a um velho moinho onde seu pai triturava trigo para que o avô assasse o pão, pertence a essência esquecida da Europa, que procurava a profundidade da realidade, pois buscava no próprio e inalienável mistério – quase sempre alienado – que sempre novo, e que retorna no escuro os múltiplos avatares de uma vida. -

Rembrandt, vive nos mais honrados cantos dos museus do mundo.  É mestre também dos que sentem como vocação a arte sobre qualquer outra atividade.  Desses cantos de sombra e honra, em seus mais de 60 auto retratos, os olhos singularíssimos do artista de luz íntima que emerge na névoa exterior, recordam quem os contempla a profundidade e a grandeza latente na palavra que resume e enuncia tudo que podemos ser.

 rembran6 Auto-retrato de Rembrandt em 3 momentos  -1629/1640/1669.

Rembrandt aos 7 anos, foi  enviado a escola de Latim, junto aos clássicos – Aristóteles e Homero, que aparecerão em suas obras. Aprendeu a  familiarizar-se com a bíblia, um dos escassos livros de sua biblioteca.

Em 1620 ingressou na Universidade, porém, meses depois reconhece que não desvia sua paixão fundamental e entra no atelier de um modesto pintor local, entre escassos méritos conta o de ter estudado na itália.  Talvez por isso Rembrandt nunca tenha tido o desejo de viajar a pátria de Leonardo.rembrandt1Retrato do filho – Titus -

Após completar 3 anos de estudo, segue para Amsterdam para sua instrução no atelier de “ Pieter Lastman” – especialista nos temas históricos e cenas bíblicas.

  Lá com seus 19 anos, depois de apenas 6 meses com Lastman, voltou a sua terra natal LEIDEN- (Cidade próspera e culta, onde desfilavam as embarcações carregadas de coloridos tecidos, elaborados na indústria local e de objetos exóticos vindos do oriente)como mestre independente, associado a Jan Lievens, já mestre pintor desde seus 12 anos.

  • A maior parte de seus trabalhos constitui-se de pinturas pequenas e com acabamento preciso sobre temas bíblicos e históricos, onde era rosalba_pealenotado de influência do seu segundo professor.       Rosalba Peale

Quando partiu pra carreira solo, passou a utilizar o efeito luz e sombra melhor do que ninguém; e este modo de pintar, tornou-se o seu principal meio de expressão.  Obteve grande sucesso local, e começou a ensinar, e por possuir forte personalidade, atraía bastante estudantes.                                                      

  • De sua paleta surgiu uma arte cheia de dourados, como é a apresentação no tempo, onde aparece surgir dos corpos.  E a lâmina de cobre batido nos deixou seu manifesto artístico e vital: um auto-retrato onde aparece o cabelo despenteado , aspecto desajeitado, nariz gordo e um olhar fixo para uma meta da qual nada, nem ninguém poderão afasta-lo.

Artista de tanta profundidade e de dilatado espaço interior.  O rosto  no nosso pintar, é drama, trajetória, passo singular da vida total, janela aberta ao mistério inexpressável.

220px-Saskia Retrato de Saskia -   Rembrandt além de tudo era um homem dedicado ao seu grande amor – Saskia – onde retratou várias vezes em suas telas, até mesmo nos momentos mais difíceis de sua vida, onde desenhou repetidas ocasiões no leito da doença e do sofrimento:

  • Teve 3 filhos que morreram poucos anos depois de nascidos.Somente 1 sobreviveu – “Títus” -

Quando pintou a “ Lição de Anatomia “ – retrato de um grupo da sociedade de cirurgiões de Amsterdam, obteve a reputação de melhor retratista da época nesta cidade, Tornou-se rico e gostava de colecionar obras de arte. 250px-Rembrandt_Harmensz__van_Rijn_007

  •                                                          A Lição de Anatomia – 1632 -    Mas a sorte mudou quando Saskia morreu…  perdido, as finanças entraram em colapso.  Neste mesmo período sua arte ganhou em profundidade espiritual, a luz maravilhosa parecia vir do interior das suas obras. As sombras tornaram-se mais intensas e vibrantes. Suas pinturas passaram a mostrar calma e ternura, e a humanidade se achava representada pelo lado reflexivo.

Com o passar do tempo, casa-se novamente e tem mais uma filha – “Cornélia”, e com a morte da segunda mulher e do filho “Titus” que   morre pouco depois de ter casado, e deixado uma filha., – Rembrandt, asume a solidão, e Cornélia o acompanha até os últimos dias de sua vida.

Rembrandt foi e será um pintor especialmente lembrado como “Retratista” – dotado de uma enorme sensibilidade, dando a seus modelos dignidade e ao mesmo tempo não permanecia passivo diante de cada obra,  mas muito presente em suas interpretações!

segunda-feira, 14 de março de 2011

Mundo de Sonhos

 

Este mês estou expondo um quadro que acabei de pintar. Sintam-se livres para olhar, admirar e fazerem suas leituras.

orificios 001

Orifícios – tela à óleo – 70x57 – 2011 - Waleria Lima-

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

John William Waterhouse – 1849-1917 – Doce e suave Nino.

 

Como é bom nascer no seio de uma família que comunga os mesmos gostos. Caminhar juntos, crescer dentro de um estúdio de Arte, como um pássaro que voa buscando alimento. Tudo se torna doce, mais suave, sendo assim, mais fácil de encontrar em nós, aquilo que trazemos na alma e está oculto e que nem sempre conseguimos trazer à tona; por falta de oportunidade, incentivo, ou por nos perdermos no meio do caminho.

John William Waterhouse carinhosamente conhecido como - “Nino,” nasceu em Roma em 06 de Abril de 1849. Seus pais eram inglêses, ambos pintores, mudaram-se para Itália, em busca de Arte, e posteriormente transferidos para a Inglaterra.

Nino, ia crescendo, e se desenvolvendo num mundo determinado por cores, beleza e fantasia…e com isso, ia criando dentro dele sem ao menos perceber, seu verdadeiro talento, onde a mitologia, a poesia, estariam sempre presentes em suas obras.

800px-JWW_Ophelia_1889

O jovem desenvolveu o seu talento para a escultura e pintura.  Fêz várias tentativas de admissão para a Royal Academy, e finalmente em 1870, conseguiu. Em 1885, tornou-se um associado da Royal Academy, e em 1895 um membro de plenos direitos.

Waterhouse, foi muitas vezes classificado como um pré-rafaelista, por seu estilo e temas, mas é um pintor verdadeiramente neo-clássico.

Algumas das obras anteriores foram centradas em temas e cenários  italiano, referindo seu amor por seu lugar de nascimento.

Mais tarde, seus trabalhos pegou o estilo e temas clássicos dos pré-rafaelitas, como: Alma-Tadema e Frederick Leighton.

The Lady of Shalott -1888  Nino pinta mais de 200 pinturas retratando a mitologia clássica, histórico e literário indivíduos, particularmente, aqueles da mitologia romana e poetas clássicos (inglês) como: Keats e Tennyson.  Femme Fatale – é um tema comum em suas obras, como a maioria são mulheres bonitas , elegantes, vítimas de muitos homens.

Waterhouse, é um dos raros artistas, que se tornou popular e relativamente abastado finaceiramente quando vivo.

Hoje muitas de suas obras estão em coleções particulares ou em algum lugar desconhecido, no entanto, a maioria de suas pinturas mais famosas são encontradas  espalhadas  por toda a Inglaterra, e o restante podem ser encontrados ao redor do mundo.

440px-John_william_waterhouse_tristan_and_isolde_with_the_potion Posso dizer que não basta pintar, mas encontrar dentro da pintura, uma maneira de ser diferente. Buscar o inexplicável, sonhar e voar dentro deste sonho, mostrar a sua realidade, de forma misteriosa, assim como fez “Nino carinhosamente”, que de forma independente se revelou em cada uma de suas telas.

 John_William_Waterhouse_-_The_Shrine

Pinturas: 1 – Ophelia - 1889   - 2 – The Lady of Shalott –1888  - 3 – Tristan and Isolde –1916 -  4 – The Shrine 1895

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Alma de Flor - Yolanda Soares Freire Hinds-São Luis -Maranhão-Brasil-1940


Nem sempre conseguimos decifrar nossos sentimentos e em palavras explicar de fato tudo que vemos e sentimos. E quanto mais nos aprofundamos, mais vemos e quanto mais vemos mais pensamentos nos rodeiam e acabamos nos perdendo diante dessa trajetória tão rica, enigmática, que muito diz e nos lança ao mundo da realidade, mas de uma forma totalmente desfigurada, de linguagens diversas; que nos obrigam a sentir, refletir e descobrir novas maneiras de ver.


Animus - máscara - 1996


Quando falamos de ARTE, abrimos um leque de valores incalculáveis, intocáveis, submersos na realeza daquilo que somos e do que representamos. Por isso creio que dentro de cada artista existe um universo que aflora, grita, sente, emociona e ultrapassa as vezes o próprio entendimento.
Falar de Yolanda Freire, não é nada fácil, mas de fato muito prazeroso.Uma artista com uma capacidade enorme de abstrair da natureza humana uma maneira de contar histórias e através de suas obras tocar o coração de quem as aprecia.
Suas obras são nada mais que um chamado a consciência da vida e suas descobertas. Eu poderia fazer uma comparação com o MAR onde temos que percorrer até o fundo para descobrir tudo que está submerso.
Finitude - (Faz parte de uma série de quadros)-Técnica Mista -S/Tela

Assim Yolanda define: _ “ No meu processo de criação mantenho o meu olhar voltado para as civilizações antigas e (ou) primitivas.
Na matéria densa criada pela tinta e pelo movimento do pincel, vou descobrindo um momento da humanidade, grafismos arcaicos que remetem ao início da organização do ser humano, o geometrismo característico da expressão dos primitivos habitantes das Américas. Desenvolvo formas ordenadas através de sulcos de tintas monocromática
para melhor evidenciar o gesto na densa materialidade.”


Iniciou sua vida profissional como artista plástica em 1974 – realizando uma instalação e performance no Centro de Pesquisa de Arte Ivan Serpa, cujo o título “Pele de Bicho ou Alma de Flor”- onde expressou aspectos antagônicos da existência humana.
A partir de então desenvolveu vários trabalhos em performances e instalações apresentados em salões nacionais, bienais internacionais e museus.
Yolanda dedicou seu tempo em pesquisas onde a cor está associada a matemática, movimento geométrico, e passa a criar painéis modulados, onde o avanço e o recuo dos vários módulos aludem as modulações desenvolvidas por Cézanne (brancos), afim de abstrair a cor para melhor evidenciar as diferentes matérias criadas. E são através destas pesquisas que recebe convites para expor na Universitè de Sciences ET Techniques Du Languedoc (França), em alguma cidades da Itália através da Galeria 9 Collonne SPE, e finalmente obtendo sua primeira exposição individual no Museu Nacional de Belas Artes (Vermelhos).

Yolanda não satisfeita com a densidade da tinta, adotou então o cimento, o concreto armado.
Posso dizer que Yolanda Freire é uma artista completa, dotada de muitas exposições nacionais e internacionais, em várias modalidades.Uma artista profunda e preparada para falar através de suas obras com muita maestria sobre a alma humana, dos valores muitas vezes esquecidos, desviados, perdidos no tempo e no espaço distantes, buscando emergir de um mundo “talvez” tão difícil mas não impossível de habitar.- O pensamento humano – (Instalação: "Pele de bicho ou Alma de Flor"


Maioba - 1985-
Quando comecei a escrever sobre esta artista, sabia que não seria fácil, mas espero ter chegado perto de sua grandeza.
Quero deixar aqui exposto que me sinto muito feliz de ter tido esta artista como minha professora na Faculdade Bennet.


Convido a todos que aqui passarem visitarem o site de Yolanda Freire e conhecer mais de perto sua trajetória de vida.
Termino esta postagem com algumas palavras da artista:
_ “Busco a estética dos arquétipos, a filosofia escondida das marcas que se repetem, os signos que amarram e organizam o pensamento humano.”
Livro publicado pela Artista - " O Espelho do Artista" - Fala do processo de desvelamento do sujeito inconsciente - Rio de Janeiro - Brasil -Companhia de Freud, 2006
Quem quiser conhecer mais de perto esta Artista Maravilhosa é só visitar: - http://www.viaarte.de/freyre/
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