segunda-feira, 11 de julho de 2011

Semana da Arte Moderna – Anita Catarina Malfatti – S.Paulo 1889/1964

Será que um dia nasceremos sabendo qual será nosso verdadeiro destino, ou simplesmente continuaremos a buscar vários caminhos, antes da chegada ideal? Eis a questão que muitas vezes nos aflige, cansa e nos faz sofrer!

Quando poderíamos imaginar que a mesma menina chamada Anita Malfatti, um dia se tornaria uma das principais pintoras brasileiras.  Alguém que tivesse tanta coragem de apresentar algo novo e revolucionário, num tempo onde tudo era representado como uma linha reta, sem curvas…aquilo que podemos definir como: _ “normal” _ mas o que podemos definir como normal, você saberia me dizer? _ Seria ser acadêmico, ou romper os laços do tempo criando novas linguagens? 

Suas pinturas, geraram espanto, risos e até comentários e críticas maldosas, geraldo abalo…mas nada disso levou a artista a abandonar aquilo que foi herança materna – “ a pintura e o desenho” (foto Anita Malfatti)

Anita%20MalfattiBety Malfatti (norte americana de origem alemã)não imaginava que sua pequenina menina, fosse superar suas deficiências (atrofia congênita no braço e mão direita)com vontade e determinação, passando a utilizar a mão esquerda para escrever, desenhar e pintar, já que aos 3 anos foi levada a terra do pai – Samuel – (italiano, naturalizado brasileiro – engenheiro – trabalhava com estradas de ferro e na construção civil), para tratamento médico, mas sem sucesso.

A vida de Anita Malfatti, foi esculpida de um currículo vasto, onde tudo começou praticamente em 1909, com suas primeiras pinturas, indo estudar em escolas de arte na Alemanha e EUA. Em sua passagem na Alemanha, entrou em contato com o expressionismo que sofreu bastante influência. Nos EUA teve contato com o movimento modernista.O FarolO Farol -

Anita percorreu o mundo, os museus. Conheceu muita gente importante, adquiriu experiência e sabedoria, deu aulas, colecionou títulos que a levaram a ser conhecida como: _REVOLUCIONÁRIA”alguém a frente do seu tempo, capaz de mexer com integrantes da classe social mais conservadora, pois suas obras retratavam principalmente os personagens marginalizados dos centros urbanos. Além de que suas pinturas fugiam dos padrões até então aceitos.

A mulher de cabelos verdes -1915- A Mulher de Cabelos Verdes – 1915 -

Em 1914 realiza sua primeira exposição individual, em São Paulo, mas foi em 1917, onde tudo eclodiu de fato, causando espanto, risos e críticas.

Com a primeira exposição de arte moderna – no qual o escritor Mário de Andrade riu muito ao se deparar com os quadros: _ O Homem Amarelo – A Mulher de Cabelos Verdes – A Boba…mas no entanto mais tarde, seus risos transformaram-se em admiração, amizade, e uma intensa troca de correspondências( dizem alguns relatos, que viveram um amor platônico) Tanto que anos depois o escritor acabaria adquirindo a tela – O Homem Amarelo- tornando seu grande defensor, numa das críticas recebidas pelo escritor de literatura brasileira – Monteiro Lobato – que publicou artigo dizendo: _ Paranóia ou mistificação? Argumentava que a nova pintura de Anita Malfatti, não representava o brasileiro e sua natureza com fidelidade. Chegando a ponto de insultar a pintora, tachando-a de “louca”.

O homem amarelo O Homem Amarelo – 1915 –(Em 02/12/89-foi emitido um selo comemorativo sobre o centenário do nascimento de Anita)

A crítica de Lobato repercutiu entre os modernistas e pouco depois, Oswald de Andrade e Menotti Dell Picchia saíram na defesa de Anita.

Da querela que se seguiu surgiu a divisão entre conservadores e modernos, que iria desaguar na Semana da Arte Moderna – em 1922, onde Anita expos seus trabalhos sendo premiada e consagrada.  Pois até então só a literatura reinava absoluta nas artes , tendo que ceder lugar para as atividades plásticas.

La Rentrée(interior)1915 La Rentrée(interior) 1925

Anita fez parte do “Grupo dos Cinco” com: Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Menotti Dell Picchia, e Tarsila do Amaral.

 

Eu poderia me deter em datas, lugares, detalhes, mas prefiro falar de sentido e sentimentos, onde o artista é capaz de agir e reagir ao tempo, aos fatos, as pessoas.

Anita trabalhou uma coisa que muita gente esquece, –” o sentimento”, pois sabemos que existe a pintura fria e inexpressiva, aquela que não nos dá vontade de entrar e participar da cena, e simplesmente apenas somos meros observados. Digo, que as pinturas de Anita são trajadas de fortes sentimentos, onde os personagens são banhados de cores fortes, muitas vezes levemente distorcidos. Nosso olhar se funde, desperta e indaga o que é imaginário, o que é real?

Muitos achavam suas pinturas cruas, mas como, se o tempo todo Anita expressava uma gama de aprendizado com muita liberdade e singularidade?

Fecho esta postagem com um pensamento de Mário de Andrade sobre Anita Malfatti:

_ “Seus quadros,  nos deram uma primeira consciência de revolta e de coletividade em luta pela modernização das ARTES BRASILEIRAS”

4 comentários:

Irene Moreira disse...

Aqui estou com grande satisfação inaugurando a sala de comentários deste post.
Uma história não só de arte como de vida.

Bom sempre poder estar aqui conhecendo talentos das artes e suas histórias.

Beijos

Kátia disse...

Ela era a arte viva!Excelente lembrança e excelente homenagem!

:-)

wallper.lima disse...

Obrigada Irene e Kátia, pelos comentários.
Realmente Anita Malfatti representa para nós brasileiros e para o mundo um grande exemplo de luta, determinação e atrevimento.
Devo dizer também, que me entristeço perceber que uma postagem tão rica e comovente não desperte nas pessoas um comentário....
Bjos.
Wal

Anônimo disse...

Aprendi muito sobre Anita Malfatti
essa grande pintora.....

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