quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Perspectiva como poderoso instrumento.

Ao contrário das esculturas e das instalações e na tentativa de representar a realidade no papel ou na tela, o artista se depara frequentemente com um dos problemas mais comuns neste campo: a representação da profundidade.
Entre o mundo que nos rodeia, os objetos que se encontram a nossa volta, percebemos neles 3 dimensões, ou seja: altura, largura e profundidade. Já quando pintamos um quadro em qualquer que seja o tema, nessa representação encontramos altura e largura. Trata-se de uma realidade bidimensional e não tridimensional. Portanto aquilo que o artista faz ao representar no seu quadro uma determinada cena que vê a sua volta, é uma verdadeira tradução de uma realidade já existente para outra totalmente diferente, que cria servindo-se de regras.

Devemos ter em conta que embora uma determinada cena em perspectiva nos pareça algo real e evidente, na realidade trata-se de mais um traço da nossa herança cultural.
Assim sendo, não existe uma regra absoluta para representar a realidade que nos rodeia
de forma totalmente fiel, mas antes diferentes caminhos para nos aproximarmos do que seria uma representação satisfatória.
Além disso, é preciso lembrar que a perspectiva só fez parte da tradição pictórica a partir do renascimento, e isso apenas na cultura ocidental. Tanto noutras culturas como períodos anteriores o homem tinha outras formas de representar 3 dimensões numa superfície plana.
Hoje em particular, quero dar umas pinceladas sobre 4 tipos de perspectivas fundamentais para se conseguir bons resultados:

Temos a perspectiva aérea que é aquela linha reta que parte dos olhos do observador até alcançar a linha do horizonte (linha imaginária horizontal que se situa a altura dos olhos do observador). Esta linha que estabelece a altura dos objetos situados na sua trajetória. Essas vão diminuindo progressivamente até desaparecer no último plano da paisagem. Sendo assim, os segredos básicos para reproduzir a perspectiva aérea são bem simples: reduzir progressivamente a intensidade das cores do fundo e ao mesmo tempo clareando seus tons.
Acrescentar tonalidades de azul as cores para esfriá-la e iluminar textura e detalhes dos motivos do fundo, fazendo contornos incisivos para que pareçam borrões. Apenas acrescento de que nada adianta uma perspectiva aérea produzida com todo cuidado, parecerá falsa, se o primeiro plano e o plano intermediário não estiverem bem definidos, para ajudar o plano de fundo recuar. (isso na pintura).












Já na perspectiva linear quando observamos a realidade que nos rodeia, percebemos claramente que os objetos são vistos bem menores ao se afastarem de nós. Também vemos que duas linhas paralelas convergem ao longe até se unirem na linha do horizonte. Então vemos na pintura que além dos efeitos esmaecidos das cores dos planos mais afastados observamos que o tamanho desses objetos no plano de fundo parece diminuir.



Paisagem urbanas proporcionam a oportunidade perfeita para transmitir profundidade por meio da perspectiva linear.
Lembre-se de que as linhas paralelas das ruas e dos prédios devem convergir todas para o mesmo ponto
de fuga.


A perspectiva paralela(abaixo) utiliza-se quando se quer representar um ou vários objetos cuja a face frontal é paralela ao plano do quadro e as outras faces perpendiculares. Esse tipo de perspectiva caracteriza-se por ter um único ponto de fuga(pontos que se encontram quando prolongados na linha do horizonte). O referido ponto está situado no local em que a linha do horizonte e o raio visual central se intersectam. O raio visual central é, de entre todos os que se dirigem do olho do observador para o objeto, aquele que é totalmente perpendicular ao plano do quadro.






Um objeto está em perspectiva oblíqua, quando nenhuma de suas faces apresenta-se a frente do artista. A conseqüência disso é que não temos apenas uma série de linhas de fuga, mas duas correspondem os pontos de fuga na linha do horizonte. (abaixo)










Não há dúvidas de que a perspectiva é um poderosíssimo instrumento de que o pintor dispõe para representar na obra, uma cena de forma muito aproximada daquela que vemos na realidade. Portanto acho necessário ter algumas noções básicas sobre tudo aqui falado, para poder se expressar com segurança, no campo do desenho e da pintura realista, mas devo dizer também, que o uso ou não da perspectiva não faz com que uma obra seja melhor ou pior.até porque com o tempo muitas transformações mudaram radicalmente a nossa maneira de expressão.
Digo que além de um bom desenho e de uma boa pintura, também é necessário ter personalidade, sensibilidade e uma grande dose de bom gosto!

20 comentários:

bondearte disse...

Bom, muito Bom
Congratulações
Boa semana

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Como sempre,um excelente post. Visitar seu cantinho é sempre aprender.
beijos

Mona Lisa disse...

Olá Waléria

Como sempre um post de qualidade!
Obrigada por partilhares.

Para mim além da prespectiva,da personalidade, do bom gosto...a SENSIBILIDADE é fundamental!

Bjs.

Lisa

Noemia Travassos disse...

Como sempre Wall, um artigo pleno de interesse.
Sem dúvida que a perspectiva é uma disciplina importante e a ter em devida conta quando queremos criar uma 3ª dimensão onde só existe largura e comprimento.
Adoro quando um pintor me faz sentir que o seu quadro é uma porta para o meu espírito deambular .
Um abraço do Porto

Luma D. disse...

Visitar seu blog é sinônimo de aprender algo novo...

Te indiquei um selinho, esta logo abaixo do topo em Indicação de Selos.

Beijos, ótimo fim de semana.

mariabesuga disse...

Aliando à perspectiva como figura técnica, a sensibilidade e bom gosto dão o que falta para que aconteça, trabalho acabado, a empatia da peça com quem a observa, aprecia... Assim se dá o entusiasmo e a paixão na relação com determinados trabalhos quando os apreciamos.

(...)

Aumentando o meu respeito pelo seu trabalho aqui...

Meu beijinho e desejo de dias felizes, todos ou todos os possíveis.

Lisboa disse...

Wall, sempre passando por aqui e "sedenta" de um novo post seu...
Tenho de reconhecer que sou péssima, em se tratando de perspectivas, até tentei aprender , mas... deixe para lá!
De qualquer forma, meu amor pela arte supera minha deficiência. Pelo menos tento ver tal defeito sob esssa "perspectiva"...rsrrrsssr
Bj carinhoso!

Lisboa disse...

Wall querida, criei um selinho especial e gostaria de te presentear...ele te aguarda lá:"onde o tempo não pára..."
Beijo

Te lo digo con amor disse...

Muito interesante Wal !!
Voce sempre e instructiva.
Beijos

kurkineva disse...

Nossa, sou virginiano (signo virgem, sic), e como tal procuro alcançar a perfeição em meus desenhos. Um assunto amplo, você conseguiu ser suscinta com esse seu post. É cheio de ensinamento. A perspectiva que conhecia era apenas a linear, a da linha dos olhos.

Parabéns!!

Irene Moreira disse...

Wall que aula amiga... te confesso que em grande parte entendi, mas ainda tenho as minhas dúvidas quando falaste sobre a perspectiva aérea... Já havia visto sua postagem, mas esperei ter um tempo só para ler com calma e te digo que voltarei para ler novamente. O que tenho certeza que sem ou com perpectiva nada sairá se não houver a alma de artista com seu sentido, sua arte seu dom de criação, sua visão. Parabéns amiga por mais uma psotagem digna de louvor. Bjs e um bom final de domingo

DIABINHOSFORA disse...

Olá:)

Por vezes existem coincidências fantásticas!
O seu blogue é um achado, pois a minha filha mais velha entrou em artes e as reflexões que aqui vejo sobre algumas obras são fantásticas para ela consultar.
Adorei este espaço e também vou ser sua seguidora.
Obrigada pela sua visita.

Beijinho:))

CANTO EN FLOR disse...

Hola Wal!

Aquí estoy correspondiendo tu amable visita que me ha puesto muy contenta.

Para lo que pueda serte útil estoy, ojalá y lleguemos a ser muy buenas amigas.

Un abrazo y beso de bienvenida.

Milla♥ disse...

Retribuindo a visitinha obrigada por passar no meu cantinho,volte sempre!bjos by Milla♥

Tais Luso de Carvalho disse...

Oi, Wal, ótima tua postagem!
Como mestre em perspectiva temos Andréa Mantegna. Sua maior característica era a clareza de concepção, cor, iluminação, formas e uma maestria pela perspectiva e pelo ‘escorço’ - desenho ou pintura que representa objeto de três dimensões em forma reduzida ou encurtada, segundo as regras da perspectiva. A perspectiva ilusionista converteu-se no protótipo do ‘tromp l’oeil’, usada mais tarde no barroco e no rococó.

Um beijo grande, amiga.
tais luso

DIABINHOSFORA disse...

Cá estou de novo para dizer que já dei este endereço para a minha filha consultar:)

Beijinhos

Priscila Almeida disse...

Olá Waléria, vim agradecer pelos parabéns no meu blog,seu blog é mto interessante, obrigada por se tornar seguidora. Bjoss!!!

Estações de Novembro disse...

Olá, minha querida... Venho agradeçer seu recado e fiquei feliz por te-la entre meus amigos. Adorei seu cantinho, parabéns!
Devo dizer que tenho uma amiga que também é de escorpião porém és um tanto diferente de mim. E gostei por você ser do meu signo, apesar de eu não acreditar muito em horoscopo, mas relevo algumas coisas. Nosso estado depressivo rs. Um beijo e bom domingo,

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Waleria

Hoje o Em Prosa e Verso festeja seu primeiro aniversário. Por isso esta oferecendo aos queridos amigos um selinho comemorativo, em agradecimento a atenção, ao carinho, a amizade e a presença constante que tem recebido ao longo deste tempo.
Se tiver um tempinho, chegue para um brinde e para retirar seu selinho.
Beijos

wallper.lima disse...

Quero agradecer a todos que aqui deixaram seus comentários,e que confesso que cada um contribuiu de certa forma para enriquecer um pouco mais essa minha postagem.
Gostei de ouvir que a sensibilidade e o bom gosto são fundamentais na apresentação de um trabalho, pois de que adianta simplesmente fazer uma cópia, sem deixar a sua marca em cada pincelada?!
Concordo também com a Noemia quando diz que adora quando um artista faz de sua obra uma porta de entrada para um mundo até então desconhecido, mas fascinante e convidativo.
Quero dizer pra Irene que na perspectiva aérea, o observador está situado por cima do objeto, olhando para baixo. O plano do quadro não está em posição vertical mas inclinado para cima, de forma que o observador o vejo de frente, a partir da sua posição.
Com o passar dos séculos o uso da perspectiva tornou-se mais um recurso que os artistas utilizavam de forma natural. A perspectiva era então considerada a forma lógica e correta de representar a realidade. Esta situação de predomínio generalizada manteve-se pratica/ até final do sec.XIX, quando os pós-impressionistas começaram a alterar a representação do espaço. E através de todos esses estudos desbravaram o caminho para as vanguardas artisticas do sec.XX, passando a existir outros interesses além de representar a realidade tal como a vemos, dando ao nosso tempo maior liberdade de expressão.
Bjos a todos.
Wal.

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